Trump diz que vai convidar Zelenski para a Casa Branca dias após bate-boca

No mesmo dia em que a Ucrânia disse aceitar um cessar-fogo na guerra em curso há três anos contra a Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (11) que vai fazer um novo convite para seu homólogo do país invadido, Volodimir Zelenski, encontrá-lo na Casa Branca, em Washington.

A última reunião entre os líderes ocorreu há menos de duas semanas e teve desfecho conturbado. Na ocasião, Trump e Zelenski bateram boca sobre os rumos da Guerra da Ucrânia, numa cena nunca vista em público no Salão Oval da Casa Branca, e não assinaram acordos que estavam sendo costurados.

O encontro, no último dia 28, foi um desastre para Kiev e jogou fora o esforço de líderes europeus de aproximar os presidentes dias depois de Trump ter chamado Zelenski de ditador. O republicano, por sua vez, corroborou sua posição de alinhamento à visão do líder russo, Vladimir Putin, sobre o conflito. Críticos do americano afirmam que o encontro não passou de uma "emboscada planejada" para o ucraniano.

Trump anunciou a intenção de convidar Zelenski de volta à Casa Branca horas após negociadores da Ucrânia e dos EUA divulgarem um comunicado segundo o qual Kiev se compromete a aceitar um cessar-fogo no conflito contra Moscou em troca do início de negociações de paz.

Falando a repórteres, Trump disse estar otimista com os diálogos. "Acho que teremos um cessar-fogo nos próximos dias", afirmou, dizendo que deverá ligar para Putin. "É preciso dois para dançar um tango".

É a primeira vez, em pouco mais de três anos, que um dos lados aceita uma trégua para discutir a paz. Negociações entre Moscou e Kiev ocorreram antes, mas foram abortadas logo no começo do conflito, e houve uma frágil pausa em combates no Natal ortodoxo de 2023. Durante a campanha presidencial, no ano passado, o líder americano chegou a dizer que encerraria a guerra em apenas 24 horas.

Líderes mundiais repercutiram o anúncio ucraniano. O presidente da França, Emmanuel Macron, comentou a possibilidade de cessar-fogo e disse que que o país europeu continua comprometido com uma "paz sólida e duradoura, apoiada por garantias de segurança robustas" a Kiev. "A bola está agora claramente na quadra da Rússia", escreveu ele na plataforma X.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também disse que agora cabe à Rússia estabelecer um cessar-fogo no conflito. "Trata-se de um desenvolvimento positivo que pode ser um passo em direção a uma paz abrangente, justa e duradoura para a Ucrânia".

No front, as forças ucranianas estão em situação delicada. Nos últimos dias, tropas de Putin começaram a fechar o círculo em torno de cerca de 10 mil militares de Kiev que ainda ocupam território em Kursk, no sul da Rússia, ameaçando anular uma das poucas cartas que Zelenski tem em mãos para as negociações visando encerrar a Guerra da Ucrânia.