Trump faz ultimato e exige trégua de Putin na Ucrânia em 50 dias

Além disso, Trump confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos

Por FolhaPress
Ás

 Trump faz ultimato e exige trégua de Putin na Ucrânia em 50 dias

Foto: Flickr | Casa Branca

Cinco meses após promover uma reversão na política americana para a Guerra da Ucrânia e aproximar-se de Vladimir Putin, Donald Trump anunciou nesta segunda (14) um ultimato ao presidente russo: ou ele acerta uma trégua com Kiev em até 50 dias, ou Moscou será alvo de novas e duras sanções econômicas.

Além disso, Trump confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos, dizendo que a conta será paga pela Otan. O secretário-geral da aliança militar ocidental, o holandês Mark Rutte, estava a seu lado na Casa Branca durante o anúncio.

Com isso, o presidente americano dá um basta a Putin, que vinha exasperando Trump devido à sua resistência em aderir a um cessar-fogo imediato no conflito iniciado pelo Kremlin em 2022. Ele já conversou cinco vezes diretamente com o russo sobre o conflito desde que assumiu.

O republicano falou em "tarifas severas", especificando que seriam "secundárias". Ou seja, atingiriam aqueles que fazem negócios com os russos. Ele não citou o Brasil, com quem está aberta guerra tarifária, mas o país é grande comprador de óleo diesel de Putin, por exemplo.

"Tarifas secundárias são muito poderosas. Espero que dê certo", disse Trump, citando taxas de até 100%.

A Rússia está sob sanções ocidentais desde a invasão do vizinho, e no comércio bilateral com os EUA há pouco que Trump possa fazer -ele foi reduzido a residuais US$ 3 bilhões em 2024. Mas o impacto sobre empresas e bancos que lidam com os russos é potencialmente enorme.

Trump havia tocado música até aqui para os russos, basicamente comprando a versão de Moscou da origem do conflito: o risco de a Ucrânia ser absorvida pela aliança militar ocidental, a Otan, que desde o fim da Guerra Fria se expande rumo às fronteiras do país de Putin.

Além disso, por uma rixa pessoal com Volodimir Zelenski, protagonizou diversos embates com o presidente ucraniano, o mais sério deles o bate-boca entre os líderes em pleno Salão Oval, em fevereiro. Em dois momentos, suspendeu o envio de armas ora retomado a Kiev, de todo modo compromissos anteriores a seu governo.

Ao mesmo tempo, aos poucos Trump percebeu que Putin fazia uso de sua boa vontade, expandindo suas operações terrestres a novos territórios na Ucrânia e incrementando a campanha aérea contra Kiev -que também aumentou seus ataques com drones, levando à maior intensidade de todo o conflito, como a Folha de S.Paulo mostrou.

"Ele fala bem e depois bombardeia todo mundo à noite", queixou-se Trump de Putin no domingo (13), emulando falas anteriores nas quais se disse decepcionado com o líder russo, a quem acusou de o estar enrolando. "Isso tem de parar", disse, ao lado de Rutte nesta segunda.

Não foram divulgados números. A Ucrânia tem estimados seis sistemas Patriot, cada um com seis lançadores capazes de lançar quatro mísseis individualmente. A Alemanha já se dispôs a pagar por ao menos três novos.

Até aqui, Trump não aprovou gastos novos com Kiev. O que vinha sendo enviado em armas vem de um pacote final do antecessor democrata Joe Biden, que aprovou R$ 174 bilhões a Kiev no ocaso de seu governo.

Segundo o Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), os EUA são os maiores doadores militares da Ucrânia, com R$ 416 bilhões em armas até abril. Em termos de ajuda total, incluindo financeira, Washington deu 42% dos R$ 1,7 trilhão enviados por aliados a Zelenski.

A Rússia temia que Trump fosse anunciar o envio de armas ofensivas, como mísseis de longa distância capazes de colocar bases de Putin sob risco -hoje, Kiev as alveja com drones, com maior ou menor sucesso. Isso não se concretizou até aqui.

No governo russo, sempre houve a desconfiança de que Trump apenas quer um troféu vazio de pacificador, e a reaproximação do americano com seus aliados da Otan elevou esse temor. A presença do belicoso Rutte no anúncio desta segunda confirmou as suspeitas.

Rutte trabalhou para atrair Trump, um crítico da Otan que exigia mais gasto militar dos 30 colegas europeus e do Canadá. O holandês entregou uma nova meta de despesa, subindo de 2% para 5% do PIB de cada país com defesa, em dez anos.

Além disso, encenou uma genuflexão coreografada quando Trump foi à cúpula da entidade, há duas semanas. Disse que que a meta de 5%, na verdade 3,5% com armas e 1,5% com infraestrutura correlata, era uma vitória do americano, a quem chamou de "papai".

No Kremlin, a linha oficial antes do anúncio foi de frieza ante um fato consumado, mas segundo pessoas próximas do centro do poder em Moscou não há uma certeza líquida de rompimento.

"Agora parece que os suprimentos serão pagos pela Europa, alguns serão pagos, outros não", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "O fato é que o suprimento de armas, munição e equipamento militar dos Estados Unidos continuou e continua para a Ucrânia", disse.

Peskov afirmou que ainda espera uma resposta de Kiev para a realização da terceira rodada de conversas diretas entre russos e ucranianos. As anteriores, promovidas a partir de pressão de Trump, resultaram em troca de prisioneiros e entrega de propostas para a paz por escrito -que nenhum dos lados aceitou.

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