Unicef aponta grande número de crianças migrantes em floresta panamenha
Trajeto por floresta densa é considerado altamente arriscado pela entidade
Foto: Divulgação
Segundo dados divulgados pelo Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 5 mil crianças cruzaram a selva panamenha de Darién somente neste ano. O número já é o dobro dos menores que atravessaram a via que vai rumo aos Estados Unidos no mesmo período do ano anterior.
"Estamos em meio à temporada de chuvas neste momento e nossas equipes em campo estão vendo um aumento maciço de crianças que põem suas vidas em risco e cruzam a selva a pé nas piores condições climáticas", advertiu Jean Gough, diretora do Unicef para a América Latina e o Caribe.
A via, que passa por uma densa floresta, é considerada de alto risco, mas conta com uma grande movimentação em razão da migração para sobrevivência.
"Cada vez mais meninos e meninas" são "obrigados a fugir de seus lares como única opção viável para sobreviver", acrescentou Gough em comunicado.
Os dados da Unicef mostram entre 1º de janeiro até 31 de maio mais de cinco mil crianças cruzaram o Darién. Destas crianças, dois mil foram apenas no mês de maio, quatro vezes mais do que no mesmo mês de 2021.
Além disso, ao menos 170 crianças não estavam acompanhadas ou tinham sido separadas de suas famílias. Alguns sequer portavam identidade ou registro de nascimento.
"O que vemos é que há um aumento significativo" de menores pela selva apesar de que "há muitos riscos", afirmou Laurent Duvillier, chefe regional de comunicação do Unicef, à AFP.
"As crianças chegam em condições muito precárias e precisam de atenção médica por problemas de desidratação, infecções na pele, traumas pelo que viram, como assédio sexual, extorsão ou gente que morreu no caminho", seguiu.
A floresta tropical de El Tapón del Darién, de 5.000 km2, fica localizada na fronteira entre Panamá e Colômbia. O local é corredor para migrantes irregulares partir da América do Sul rumo aos Estados Unidos.
A Unicef aponta que no trajeto os migrantes podem enfrentar rios caudalosos, animais selvagens e quadrilhas de criminosos.
No último ano, mais de 133.000 pessoas, a maioria haitianos e cubanos, teriam cruzado a floresta. Somente nos primeiros meses de 2022, já cruzaram mais de 32.000 pessoas.
