Universidade aponta que 20 pessoas em uma sala de aula gera 808 contatos cruzados em dois dias
Se o número subir para 25, serão 1228 contatos em dois dias
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O encerramento da quarentena na Europa gera dúvidas dos procedimentos de segurança a serem seguidos a fim de que se evite a contaminação da doença. Entre os dilemas que mais preocupam está o retorno das crianças e jovens às aulas, previsto para setembro na Espanha.
Segundo os cálculos matemáticos de pesquisadores da Universidade de Granada (UGR), se uma família composta por dois adultos e 1,5 filhos menores, assumindo que há 10 alunos com um irmão na sala de aula e outros 10 são filhos únicos, no primeiro dia de aula cada aluno será exposto a 74 pessoas.
"No segundo dia", explica Alberto Aragón, coordenador do projeto, "a interação chegaria a 808 pessoas, considerando exclusivamente as relações sem distanciamento nem máscara da própria classe e as das classes de irmãos e irmãs". A projeção excede 15.000 contatos em três dias.
Caso o número de crianças na sala de aula aumentar para 25, cresceria para 91 no primeiro dia e 1.228 no segundo. O contágio de uma pessoa desse grupo acarreta um risco automático para todo o grupo, portanto, espera-se que qualquer situação de alerta leve ao fechamento da sala ou mesmo de toda a escola.
Segundo Aragón, a preparação para a volta em setembro não é só insuficiente, mas também foi deixada nas mãos das escolas, algo que “obviamente” excede sua capacidade organizacional e de recursos.
Se não houver uma estratégia para o dia seguinte ao início das aulas, diz o pesquisador, "e se começa já, será muito difícil ter sucesso no caminho da volta às aulas". Agora é necessário decidir "se vão contratar mais professores, quais espaços extraordinários podem ser usados ou, por exemplo, se os alunos receberão computadores. É importante reconhecer que a organização da volta às aulas possui características que a tornam especialmente complicada, e, precisamente por isso, deve resultar em planos mais rigorosos", alerta.