Universitário é baleado por PM da reserva no RJ após falsa acusação de roubo
Igor Melo de Carvalho saía de bar onde trabalha como garçom e ia para casa de moto quando foi atingido

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um estudante universitário foi baleado nas costas, na madrugada de segunda-feira (24), no Viaduto João XXIII, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Igor Melo de Carvalho, de 31 anos, foi atingido após pegar uma moto de aplicativo. Segundo a Polícia Militar, o autor dos tiros foi um policial militar da reserva, marido de uma mulher que teria reconhecido o condutor da moto como um dos responsáveis pelo roubo do aparelho celular dela.
Segundo familiares de Igor, ele solicitou o veículo para voltar da casa de samba Batuq, onde trabalha como garçom aos finais de semana, para casa. O trajeto era da Rua Belizário Pena, onde a casa de samba fica, até o bairro do Turiaçu, residência de Igor.
No trajeto, Igor percebeu que um carro seguia a moto. Minutos depois foi atingido. Ele conseguiu ligar para colegas de trabalho, que foram até o local e o levaram ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. O mototaxista não foi baleado, mas se feriu com a queda e foi levado para o mesmo hospital.
Ainda segundo relatos da família de Igor, uma mulher teria ido até o hospital e reconhecido Igor como assaltante. A partir disso, Igor foi preso e passou a ficar sob custódia da polícia, na unidade de saúde. Ainda na segunda, a mulher do PM esteve no Hospital Getúlio Vargas e afirmou que Igor não era um dos assaltantes.
“Injustiça e racismo”
Igor foi submetido a uma cirurgia e perdeu um rim. O quadro é considerado grave. À TV Globo, a esposa do universitário afirmou que, ao acordar, ele perguntou sobre o filho e disse que não havia cometido crime algum.
"Igor é trabalhador, sonhador. Ele quer ser jornalista esportivo, porque ama o Botafogo. Ele trabalha em 3 empregos: é inspetor da Celso Lisboa e para complementar a renda, assim como boa parte dos brasileiros, trabalha aos finais de semana como garçom e também é ambulante no carnaval. Ele sempre quis dar o máximo conformo para gente", contou Maria Moura.
“Eu conheço o meu esposo. Está acontecendo uma injustiça e um racismo. A bala atinge sempre um corpo preto. Hoje a gente poderia chorando a morte dele", completou.
O que diz a PM
Em nota a Polícia Militar informou que agentes foram à Avenida Lobo Júnior, na Penha, para verificar uma ocorrência de invasão a domicílio.
No local, constataram que dois suspeitos, que trafegavam em uma moto, foram alvos de disparos de arma de fogo. Um dos suspeitos foi atingido e socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.
O caso foi registrado na 22ª DP (Penha). O policial que atirou se apresentou como autor dos tiros e a esposa reconheceu apenas o piloto da moto como um dos envolvidos no roubo do celular dela.