Vacinas contra a Covid-19 poderão controlar a doença, mas não o vírus, diz diretor do Butantan

Atualmente, mais de 100 vacinas estão sendo desenvolvidas no mundo para combater o novo coronavírus, e controlar a doença causada por ele, a Covid-19. Porém, o médico e diretor de Pesquisa Clínica do Instituto Butantan, um dos centros de pesquisa do que participa do desenvolvimento de vacinas em São Paulo, Ricardo Palacios, declarou que nenhuma delas serão capazes de acabar com a circulação do vírus.

"Nós queremos gerar uma expectativa correta para a população. Nós não vamos acabar com o coronavírus com uma vacina. Qualquer uma que seja a vacina. O coronavírus veio e veio para ficar. Ele vai nos acompanhar. Durante todo o tempo de nossas vidas, nós teremos coronavírus circulando", disse.

O diretor faz uma analogia entre e Covid-19 e a gripe causada pelo vírus influenza. Ele explica que as pessoas vacinadas contra o influenza podem chegar a desenvolver a gripe, mas, na maioria das vezes, a doença não se desenvolve de forma mais agressiva, que poderia levar à morte. E, segundo ele, o mesmo deve ocorrer com as vacinas contra o novo coronavírus porque não serão suficientes para combater o vírus, apenas proteger que as pessoas desenvolvam a Covid-19 em sua forma mais grave. 

"O vírus influenza não desapareceu e segue conosco. Seguirá, talvez, durante toda a nossa vida. Mas a gente tem uma doença [a gripe] controlável. A maior parte das pessoas vacinadas consegue controlar a doença. Se chegar a se infectar, não terá uma doença grave, não morrerá dessa doença", explicou. 

O Instituto Butantan, na capital paulista, é um dos centros do mundo que participa das pesquisas de construção de uma vacina contra o novo coronavírus. O instituto firmou uma parceria, no dia 10, com o laboratório chinês Sinovac Biotech, que possuiu uma vacina em fase avançada de desenvolvimento, a Coronavac — que utiliza o coronavírus inativado para estimular uma resposta imunológica do organismo.