Varíola dos macacos não deve gerar nova epidemia, aponta OMS
Atualmente, há 92 notificações confirmadas da doença e outras estão sendo investigadas
Foto: CDC
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta quinta-feira (26), que apesar do aumento de casos da Varíola do macaco gerar preocupações em todo o mundo nas últimas semanas, a doença ainda pode ser contida em países não-endêmicos. Atualmente, há 92 notificações confirmadas da doença e outras estão sendo investigadas.
O infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, afirmou, em entrevista à ONU News, que a doença não possui um nível de transmissão alto o suficiente para causar uma nova pandemia. No entanto, ele alerta que os sistemas de saúde devem estar preparados para lidar com o vírus.
“Esses casos atuais necessitam das autoridades de saúde uma preocupação, mas são casos não alarmantes para a população ou em termos de saúde pública. Esse vírus é um DNA vírus que já está adaptado ao seu animal, que são os roedores da região tropical da África. Ele pode passar para o humano acidentalmente, mas ele não é um vírus que sofreu mutação para se adaptar no humano e passar de pessoa para pessoa", afirmou.
"Por acaso, ele tem a possibilidade de passar de humano para humano, mas não é uma transmissão tão grande a ponto de causar uma pandemia global. A preocupação é que os órgãos de saúde estejam atentos para parar a cadeia de transmissão", acrescentou.
De acordo com a OMS, os pacientes confirmados tiveram apenas sintomas leves até o momento. Segundo o infectologista, os casos mais amenos são característicos nos humanos. Além disso, ele ressalta que a mortalidade é baixa, ficando entre 3% e 6% dos infectados.
O infectologista relatou que, nos humanos, a doença "causa quadro leve, a pessoa fica com sintomas de qualquer virose. Logo após do primeiro ao terceiro dia, ela começa a ter as lesões cutâneas. Quando a gente vai avaliar, a gente vê que a mortalidade na África, de todos os casos que têm, varia de 3% a 6%. Mas essa é a taxa onde o vírus circula: em cidades pequenas, próximas a florestas... as pessoas podem ter complicações, mas não tem infraestrutura adequada para o tratamento.”
Nos casos mais graves, segundo a estudiosa, o vírus pode comprometer órgãos internos, principalmente em pacientes com baixa imunidade, e as lesões de pele podem se agravar em infecções bacterianas.
Por essas características, Stefan Cunha Ujvari afirma que não há necessidade de tomar “medidas drásticas” neste momento, mas ressalta que os serviços de saúde devem ter medidas claras para conter a circulação do vírus, especialmente de monitoramento de pessoas que estiveram em locais endêmicos ou tiveram contato com pacientes.
Ele explica que a transmissão se dá por meio do contato com o líquido das pústulas cutâneas. Além da contaminação pela pele, também há possibilidade de infecção pelo uso compartilhado de toalhas e roupas e até mesmo pelo ar, que pode ser minimizado pelo uso de máscaras.
Sobre a vacina, o infectologista explica que as doses contra a varíola comum se mostram eficientes contra a varíola dos macacos por serem doenças com um “vírus ancestral comum”. Os dados da OMS apontam para uma eficácia de 85%.
Stefan Cunha Ujvari acredita que uma campanha de vacinação contra a doença não seria fundamental, mas que as doses podem servir como “bloqueio” para aqueles que tiveram contato com infectados.