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Veganismo: estilo de vida que vai além de não comer carne

Em entrevista ao Farol da Bahia, veganas reforçam importância da consciência ambiental

Por Ane Catarine Lima
Ás

Veganismo: estilo de vida que vai além de não comer carne

Foto: Reprodução/ Bigstock

Por consciência ambiental, algumas pessoas optam por não consumir produtos que tenham origem ou que foram testados em animais. Embora ainda seja um estilo de vida cercado por estigmas sociais, o veganismo tem despertado cada dia mais interesse em pessoas que querem lutar pelo fim de qualquer tipo de exploração animal. Dados de uma pesquisa do Ibope mostram que, em 2018, aproximadamente 7% da população brasileira era considerada vegana. 

Os números sobre o veganismo ainda são escassos no Brasil. No entanto, observa-se uma tendência de crescimento de adeptos a esse estilo de vida. No mês de novembro, quando é celebrado o Dia Mundial do Veganismo, veganos e veganas fomentam a importância de eliminar, na medida do possível, todas as formas de crueldade contra animais na alimentação, vestuário e qualquer outra finalidade.

Em entrevista ao Farol da Bahia, a estudante Renata Dias, de 23 anos, afirmou que aderiu ao veganismo em 2020. Segundo ela, apesar das limitações, o processo foi fácil e ajudou a melhorar sua saúde física e mental. 

“Nunca gostei do ato de cozinhar carnes, sempre achei trabalhoso e nojento. Também tenho intolerância à lactose e isso já estava prejudicando a minha pele e o meu intestino. Em 2020, comecei a reduzir os lacticínios. Depois testei passar alguns dias da semana sem consumir carne e o que parecia ser impossível mostrou-se mais fácil do que imaginei”, explicou Renata.

“As melhoras na saúde física e psicológica foram visíveis já nas primeiras semanas, o que me incentivou a continuar. Comecei a estudar mais sobre alimentação vegetal e entendi que é possível aderir a ela sem os gastos exorbitantes que imaginamos quando pensamos na transição. Comida de rua é cara, comida industrial é cara, mas a feira e as lojas de granel são significativamente mais baratas quando comparadas aos frigoríficos, por exemplo”, completou.

Para Renata, o objetivo de uma pessoa vegana é, além de lutar contra o consumo industrial de carne e outras proteínas de origem animal, incentivar e participar da agroecologia, de movimentos de resgate de animais em situação de vulnerabilidade, de propostas que busquem o fim da fome e a garantia de uma alimentação saudável e acessível às classes sociais mais marginalizadas.

“Não é fácil porque precisamos lutar contra uma lógica que nos é ensinada desde crianças: a de uma alimentação pronta que não exige tempo e estudo para pensar sobre a origem e efeitos a longo prazo no corpo. Pensar e construir uma alimentação livre de crueldade demanda tempo, estudo e paciência. Cada pessoa vive o seu processo, que de forma alguma é linear. Recaídas irão existir, mas o que importa é a fé no propósito”, afirmou.

Foto: Arquivo Pessoal/Renata Dias

O mesmo pensamento é reforçado pela estudante Letícia Leto, de 25 anos. Vegana desde 2019, ela contou ao Farol da Bahia que começou com o vegetarianismo e foi aderindo ao veganismo aos poucos com o objetivo de combater a crueldade animal. 

“Eu já era vegetariana há um bom tempo e queria fazer a transição, mas ainda não me sentia totalmente preparada até minha dermatologista falar que o leite estava inflamando meu corpo. Em 2019, decidi [aderir ao veganismo]. Comecei aos poucos. Não como nenhum fruto do mar desde os meus 7 anos de idade. Cortei carne vermelha quando tinha 15 anos. Aos pouquinhos percebi que não sentia nem falta e nem necessidade de proteína animal na minha alimentação”, explicou Letícia. 

Apaixonada pelo veganismo, ela incentivou a ideologia e reforçou a importância da valorização da vida. “[O veganismo] abriu meus olhos sobre como a gente pode ser mais empático com outras vidas, não só aquela que se parece com a sua, mas todas as vidas. Também me senti muito mais aberta às possibilidades de sabores e ingredientes. Depois que eu virei vegana percebi que eu não comia quase nada”.

“É engraçado porque normalmente as pessoas acham que ser vegano é tão restrito, mas a minha experiência que antes de ser vegana meu prato parecia infinitamente mais limitado. O veganismo possibilita tanta coisa pessoal e tanta coisa para o nosso planeta. Sou realmente apaixonada por esse estilo de vida. É importante para os animais, para nossa saúde, para sustentabilidade e, sem dúvida, para um possível futuro em um planeta habitável”, concluiu Letícia.
 

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