Vendas do varejo supera projeções e crescem 13,9% em maio
Mas resultado ainda não recuperam perda acumulada
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Depois de dois meses de queda, o varejo brasileiro voltou a ter resultado positivo. O volume de vendas do varejo cresceu 13,9% em maio, o maior desde o início da série histórica, em 2000. Porém, a alta não foi suficiente para recuperar as perdas de março e abril, quando as lojas ficaram fechadas por causa das medidas para evitar a disseminação do coronavírus.
No acumulado do ano, o varejo teve uma queda de 3,9%. Os dados são da PCM (Pesquisa Mensal de Comércio), divulgada nesta quarta-feira (8), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação com maio de 2019, o comércio varejista recuou 7,2%, com taxas negativas em sete das oito atividades.
Para a analista Isabela Tavares, da Tendências Consultoria Integrada, os indicadores antecedentes reforçam a avaliação de que o setor entrou em tendência de recuperação gradual, apesar dos níveis deprimidos de atividade. A economista cita o ICVA (Índice Cielo de Varejo Ampliado), que recuou 30,5% em maio, resultado menos negativo que o observado em abril (-36,5%).
"No final de abril, a Região Sul abriu algumas atividades não essenciais, que é o que deve dar esse fôlego ao varejo. Esses dados vão na direção de confirmar que o pior para a atividade já passou, mas que a recuperação deve ser muito gradual", observa.
Contribuições
O setor de tecidos, vestuário e calçados respondeu pela maior contribuição negativa, com queda de 62,5%. Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o único setor a crescer nessa base de comparação, com alta de 9,4%.
O setor, considerado atividade essencial, manteve as lojas abertas durante o período de quarentena. O setor de farmácias, outra atividade essencial, recuou 2,6% ante maio de 2019, na segunda taxa negativa consecutiva. Em abril, as vendas de supermercados caíram 17,0%, após crescimento de 14,8% em março, primeiro mês diretamente afetado pela pandemia no País. As vendas de farmácias recuaram 17,0%, depois de um crescimento de 1,4% no mês anterior.
Projeção esperada
A Tendências espera queda de 5,9% no volume total de vendas do varejo restrito de 2020, dentro de uma projeção de recuo de 7,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo Isabela, com a deterioração esperada para o mercado de trabalho e a massa de salários, uma recuperação rápida do setor é improvável.
"A recuperação do varejo está associada ao relaxamento das medidas de quarentena, o que deve contribuir para reverter o agudo declínio nas vendas de março e abril", escrevem os economistas Leonardo Fonseca e Lucas Vilela, em relatório do Credit Suisse.