Vereador baiano jogou sacola de dinheiro pela janela antes de ser preso pela PF, diz colunista
Além do montante encontrado com o vereador, a PF localizou com outro alvo R$ 700 mil em espécie durante “Operação Overclean”
Foto: Divulgação/Polícia Federal
O vereador baiano Francisco Nascimento, primo do deputado Elmar Nascimento (União-BA), tentou se livrar de uma quantia de dinheiro em espécie jogando o montante pela janela antes de ser preso pela Polícia Federal, na manhã desta terça-feira (10). A informação é do blog da jornalista Camila Bomfim.
Francisco é um dos 17 presos da “Operação Overclean”, realizada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal do Brasil e a Controladoria-Geral da União na Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás contra uma organização criminosa suspeita de atuar em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com a notícia publicada no Blog da Camila Bomfim, o vereador baiano foi preso preventivamente e o dinheiro, apreendido. O valor ainda está sendo contato e ele terá que explicar a origem e porque mantinha tanto dinheiro em casa e não optou por deixar no banco , de forma rastreável.
Além do montante encontrado com Nascimento, a PF localizou com outro alvo, Flavio Henrique Lacerda Pimenta, servidor da Secretaria de Educação de Salvador, R$ 700 mil em espécie.
Desvio de recursos públicos
Conforme a Receita Federal, o esquema foi estruturado para direcionar recursos públicos vindos de emendas parlamentares, convênios para empresas, e pessoas ligadas a administrações municipais.
As investigações contaram com cooperação policial internacional por intermédio da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations - HSI), e apontam que a organização teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos, apenas no ano de 2024.
O esquema teria atingido diretamente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), principalmente na Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST- BA), além de outros órgãos públicos.
Esquema e modus operandi
Foi constatado o superfaturamento em obras e desvios de recursos com o apoio de pessoas que facilitavam a liberação de verbas destinadas a projetos previamente selecionados pela organização.
O grupo atuava por meio de operadores centrais e regionais, que cooptavam servidores públicos para obter vantagens indevidas, tanto no direcionamento quanto na execução de contratos. Após garantir os contratos, as empresas envolvidas superfaturavam valores e aplicavam sobrepreços.
Ainda segundo a Receita, a lavagem de dinheiro era realizada de forma "altamente sofisticada", incluindo o uso de empresas de fachada controladas por “laranjas”, que movimentavam os recursos ilícitos, e empresas com grande fluxo financeiro em espécie, utilizadas para dissimular a origem dos valores desviados.
A PF informou que foi determinado o sequestro de R$ 162.379.373,30, referentes ao valor obtido pela organização criminosa por meio dos crimes investigados, três aeronaves, imóveis de alto padrão (casas, lotes e apartamentos), três barcos e dezenas veículos de luxo.
Os crimes incluem corrupção ativa e passiva, com penas de 2 a 12 anos de reclusão, peculato, fraude em licitações e contratos e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 50 anos de reclusão, além das multas previstas na legislação.