Michel Telles

Victoria's Secret: diversidade real ou mera cortina de fumaça?

Estilista baiano analisa o tão esperado retorno de uma das maiores marcas da indústria da moda

Por Michel Telles
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Victoria's Secret: diversidade real ou mera cortina de fumaça?

Foto: André Jr.

Após quatro anos de ausência, a Victoria's Secret faz seu tão aguardado retorno aos holofotes da moda. No entanto, este não é apenas um retorno às passarelas, mas sim um renascimento da marca, que tenta responder de forma eficaz às duras críticas que assombraram no passado. 

Quem acompanhou o desfile em formato de documentário exibido nesta terça-feira, 26,  pela Prime Video, pôde perceber que não é apenas uma questão de retornar aos velhos tempos de glamour e extravagância. É a tentativa de uma resposta estratégica a um período conturbado, repleto de controvérsias e críticas.

Conforme aponta o estilista baiano Edymüller – que vem ganhando destaque na indústria da moda com uma abordagem inovadora e sustentável – o comeback da Victoria's Secret é um conjunto de fatores. “Para além de toda estratégia comercial de se investir novamente no mercado com um diálogo que compreende a diversidade como ponto focal da indústria da moda atual, para que a falência não seja de fato consumada após tantos escândalos de misoginia, machismo e preconceito, a marca aproveita o embalo da tendência dos anos 2000,  construindo toda sua volta em clima de nostalgia dos consumidores, que apesar de tantas polêmicas, ainda sentem falta do fashion show”, explica. 

Baseado no que foi apresentado, o estilista acrescenta que a imagem transmitida não define o todo. E que a diversidade presente não foi suficiente. “Esse desfile não podia parecer um evento de manobra para o reposicionamento de uma marca que durante anos pregou padrão estético inalcançável. A Victoria's Secret precisa se redimir aos olhos críticos de todo público, mostrando capacidade de acompanhar as evoluções sociais e inserir a estética sexy e glamourosa em qualquer tipo de corpo. Tudo que assisti foi uma verdadeira cortina de fumaça.Quando tratamos de inclusão no mundo da moda, todo tipo de corpo importa, a moda precisa ser acessível.”

Para manter sua relevância, a marca precisa se adaptar continuamente à evolução da moda e da sociedade. Isso envolve não apenas diversidade na passarela, mas também acessibilidade, representatividade em todos os níveis da marca e uma mudança genuína na forma como os produtos são comercializados. 

O retorno da Victoria's Secret não é apenas sobre desfiles de moda; é sobre a criação de uma nova era na indústria, onde todos se sentem representados e onde a diversidade é celebrada. A marca agora está no centro das atenções, e o mundo está observando para ver se ela cumprirá sua promessa de renovação e inclusão.

“A cinco anos atrás foi sobre sexismo e preconceito, hoje a falta de diversidade e inclusão. A ideia do documentário seria incrível se a marca realmente apresentasse uma reestruturação na sua equipe e os reflexos dessas mudanças como respostas a uma nova proposta de moda a ser produzida. O formato de documentário era ideal para que fosse mostrado que a diversidade e inclusão não se restringe a desconstrução de silhuetas, corpos gordos, trans ou pretos. A victoria’s secret prometeu uma nova visão e acompanhar o mundo e suas mudanças, mas a pergunta é: onde estão os corpos reais? Os corpos são diversos , as autenticidades existem, mas o que foi escolhido a ser mostrado, ainda é uma imagem confortável aos olhos de quem assiste”, finaliza Edymüller.

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