Vídeo: Audiência pública alerta sombreamento na Praia do Buracão, em Salvador
MP e SOS Buracão discutem construções no local
Foto: Farol da Bahia
As construções de dois espigões à beira-mar na Praia do Buracão, no bairro do Rio Vermelho, alertam para uma realidade preocupante na capital baiana: a verticalização e o sombreamento da orla. Na tarde desta sexta-feira (6), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) realizou uma audiência pública para debater os impactos ambientais e sociais dos empreendimentos na região.
Em entrevista ao Farol da Bahia, a promotora Hortênsia Pinho afirmou que encaminhará uma ação judicial ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para dar seguimento às discussões. Para ela, é papel do Ministério Público proteger os bens de uso comum da população.
“A praia é um bem da população é o maior espaço mais democrático de maior lazer da população e é um bem protegido constitucionalmente então na missão do Ministério Público está a zelar para que a praia permaneça com seu sentido com a sua essência com a sua funcionalidade. Ninguém vai à praia tomar sombra então se você sombreia a praia você compromete esse bem e você usurpa um bem de uso comum do povo que passa a ter uma finalidade privada. [...] Lazer que é democrático que fica comprometido em prol de poucas famílias são 32 que vão morar num prédio em detrimento do prejuízo de todas as pessoas que frequentam e podem frequentar aquela praia”, afirmou.
A OR Imobiliária Incorporadora, empresa do Grupo Novonor, está por trás do empreendimento e pretende erguer dois prédios de 16 andares em três terrenos já comprados.
A expectativa após a audiência é que as construções previstas sejam canceladas, de acordo com o presidente do SOS Buracão, Miguel Sehbe.
“Que os espigões Odebrecht venham abaixo. Isso é o que a gente espera sintaticamente é isso, mas realmente nós estamos brigando por isso e lutando por uma causa Justa. Sustentabilidade é o que a gente tanto briga e quer é um mundo com menos concreto e um pouco mais de verde. É isso que a gente quer um pouco mais de saudável para nós e para os que os que vem atrás da gente”, concluiu.
Malefícios da construção
A química e integrante do SOS Buracão, Socorro Collin, afirmou que a construção na orla traz malefícios à saúde da população a longo prazo. Segundo a professora, o sombreamento no local naturalmente úmido se torna ambiente propício para a proliferação de bactérias na cidade.
“Quando a gente percebe que existe construções na praia e que vão sombrear muito a praia do Buracão, nesse sentido a gente fica irritado com certas alegações que tem base legal, então não deveria ter base legal, porque quando a existe a falta de sol na areia que já está úmida, esse ambiente é muito propício a criação de bactérias, microrganismos e com isso vem muitas doenças que vão elencar à saúde humana, vai prejudicar muito as pessoas que vão para a praia para ter seu lazer e acabam pegando uma doença”, disse.
Collin estende as críticas a outros locais da orla da capital baiana, como o Rio Vermelho, Stella Maris e afirma que “Salvador vai ser uma cidade de pedra”.
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