Vídeo: Carlos Jordy acusa PF de usar provas falsas em inquérito da Operação Lesa Pátria
Deputado foi alvo da polícia, que apontou ligação dele com possível organizador dos atos do 8 de Janeiro
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição ao governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, usou as redes sociais nesta terça-feira (23) para se defender das acusações da Polícia Federal. O parlamentar foi um dos alvos da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada na quinta-feira (18). A ação mira pessoas que planejaram, financiaram e incitaram os atos de 8 de janeiro.
Em um vídeo publicado no início da tarde desta terça, Jordy afirma que Carlos Victor de Carvalho, conhecido como CVC, que foi o principal responsável pela operação que mirou o deputado, não estava em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Carlos Victor de Carvalho é vereador suplente da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, e servidor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio. Segundo a Polícia Federal, CVC estava em Brasília e, com o apoio do deputado Carlos Jordy, teria participado dos atos apontados pela corporação como antidemocráticos.
Nas redes sociais, no entanto, Jordy afirma que a localização do GPS no celular de CVC indica que ele estava em Campos dos Goytacazes no dia 8 de janeiro. O rastreamento de localização do aparelho aponta que o vereador suplente dirigiu até o Parque Prado às 11h12, depois circulou pelas proximidades de uma escola e estacionou no supermercado Super Bom, no Centro de Campos, onde teria ficado até 12h07.
Jordy afirma que a polícia usou uma foto manipulada de Carlos Victor de Carvalho, quando ele participava da posse do então presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019, alegando que a imagem provava a presença do vereador suplente nos atos do 8 de Janeiro.
A Polícia Federal também cita mensagens, em que CVC teria pedido orientações ao deputado Jordy, como prova de que o deputado estaria ligado aos atos. No aplicativo de troca de mensagens, teria a seguinte conversa, segundo o inquérito policial:
''- CVC: Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo. - JORDY: "Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí? CVC: Posso irmão. Quando quiser pode me ligar"
"O que há de verdade nisso tudo é que uma pessoa [CVC], falsamente acusada de estar no dia 8 de janeiro de 2023, me chamou de meu líder. E isso levou a Polícia Federal a apreender celular, computador, arma e passaporte do líder da oposição na Câmara dos Deputados. Somente nas ditaduras os líderes da oposição são perseguidos, mas na democracia relativa de Lula tudo é possível. Aliás, a democracia está inabalável, apenas não discorde, não faça críticas e não contrarie os meios ilegais que estão sendo utilizados", declarou Jordy no vídeo divulgado nas redes nesta terça (23). (Veja vídeo abaixo)
Versão da Polícia Federal
Na quinta-feira (18), os policiais federais foram até a Câmara dos Deputados para cumprir mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra Jordy. Na ocasião, também foram cumpridos outros 10 mandados de busca e apreensão, oito no estado do Rio de Janeiro e dois no Distrito Federal.
O inquérito policial afirma que CVC é administrador de pelo menos 15 grupos da militância de extrema direita de Campos dos Goytacazes em um aplicativo de troca de mensagens. No município do Rio de Janeiro, a Polícia Federal alega que ele foi responsável por “organizar atos antidemocráticos na porta de quarteis do Exército e em ruas e rodovias”.
A Polícia Federal alega que quando CVC e Jordy trocaram mensagens em um aplicativo, no dia 1º de novembro de 2022, acontecia no Brasil o bloqueio de rodovias, inclusive em Campos dos Goytacazes. O movimento nas vias federais do país era feito por eleitores insatisfeitos com o resultado das Eleições de 2022, que elegeram o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No inquérito, a polícia afirma que “tal diálogo em que CVC chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto ‘parar tudo’, levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos”.
No dia 19 de janeiro de 2023, CVC foi preso em Espírito Santo no âmbito da Operação Ulysses, apontado como um dos financiadores dos ônibus que levaram os manifestantes para Brasília. Ele ficou preso por 10 dias, de forma provisória, mas a Justiça determinou que ele fosse liberado no dia 17 de fevereiro daquele ano.
No inquérito da Operação Lesa Pátria, a polícia afirma que outro fato que contribui com a sustentação da linha investigação de participação do parlamentar nos atos do dia 8 é que no dia 17 de janeiro do ano passado, quando CVC encontrava-se foragido, Carlos Jordy teria feito um contato telefônico com o vereador suplente. “Como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido seu dever como agente público seria comunicar imediatamente à autoridade policial”, declara o documento.
O ministro Alexandre de Moraes, na decisão, afirma que os dados apresentados pela Polícia Federal “revelaram uma forte ligação entre ele e o investigado Carlos Victor de Carnavalho, ‘uma liderança da extrema direita local’, responsável não somente pela administração de vários grupos de WhatssApp com temática de extrema direita, mas também pela organização dos inúmeros eventos antidemocráticos na cidade de Campos/RJ, e a presença de indícios de que o parlamentar seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por Carlos Victor, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos”.
Veja o vídeo do deputado Carlos Jordy: