Vídeo: debate entre candidatas à presidência da OAB-BA é marcado por discussões sobre misoginia e machismo
Ana Patrícia e Daniela Borges relembraram episódios de violência que marcaram último pleito
Foto: Instagram/Ana Patrícia
Durante um debate eleitoral realizado na manhã desta segunda-feira (18), na capital baiana, as candidatas à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA), Ana Patrícia (Muda OAB) e Daniela Borges (União pela Advocacia), trocaram farpas ao discutir a atual gestão da instituição e o combate à violência contra a mulher.
O embate começou quando Ana Patrícia relembrou episódios do último pleito, em 2021, quando afirmou ter sido alvo de insultos machistas e misóginos por parte do conselheiro federal Luiz Coutinho. Atualmente, ele busca a reeleição na chapa encabeçada por Daniela Borges, que já presidiu a Comissão Nacional da Mulher Advogada.
“No último pleito eleitoral, Luiz Coutinho me chamou de p*ta, traidora e vagabunda. Não satisfeito, tive minha casa invadida por um carro de som e recebi um buquê de flores com um cartão contendo dizeres perversos”, afirmou Ana Patricia.
“Tudo isso me feriu profundamente, mas o que mais me machucou não foram as atitudes dele, e sim o silêncio da candidata à presidência naquele pleito, que hoje é a presidente da OAB-BA”, completou.
Na sequência, Daniela rebateu as acusações da adversária: “Não há qualquer prova da autoria. A candidata nunca representou na OAB e não há nenhuma queixa registrada. Eu, inclusive, tive o cuidado de buscar certidões sobre [o caso]”.
Ana, por sua vez, respondeu: “Denunciei diretamente a ela a ofensa sofrida pelo conselheiro federal dela. Alegar que não há provas demonstra que ela está distante de uma representação feminina. [Daniela] dá mais valor à palavra de um homem agressor do que à denúncia feita diretamente a ela, durante uma sessão da OAB.”
Ajuda de desembargadores na eleição
Ainda durante o debate, Daniela Borges acusou Ana Patrícia de contar com o apoio de desembargadores na campanha eleitoral deste ano.
"A candidata adversária traz na sua campanha dois desembargadores que vem, de maneira muito constrangedora, pedindo votos para ela. E, muitas vezes, inclusive, se referindo [como se] a chapa [fosse] deles. Isso coloca em cheque, sem dúvidas nenhuma, a independência da OAB e é isso que está em jogo nessas eleições", afirmou Daniela.
Em resposta, Ana Patrícia questionou a alegada independência defendida pela atual presidente da OAB e afirmou que Daniela tem buscado aproximação com tribunais em ações que, na prática, reforçam posturas de subserviência.
"É estranho falar de independência quando a presidente da OAB e atual candidata Daniela tenta ocupar espaço nos tribunais. Situação que todos sabem que não se conquista sem apertar as mãos e sem a posição de subserviência. E mais estranho ainda é falar em independência quando ela fez um desembargador pela primeira vez no Tribunal de Justiça da Bahia, procedimento que todos sabemos que tem etapas e que demandam pedidos de apoio ao presidente do Tribunal e pedidos de apoio ao governo do Estado da Bahia", rebateu Ana Patrícia.
Na sequência, Ana Patrícia também criticou a falta de transparência da gestão atual, afirmando que a desinformação entre os advogados não resulta de desconhecimento, mas sim da omissão deliberada de informações por parte da presidência.
“A desinformação é fruto de uma intenção de omitir a falta de atos. É dever da presidente comunicar os procedimentos e garantir a transparência, o que não ocorre”, reforçou.
Leia também: TJBA suspende audiências marcadas para o dia da eleição da OAB-BA em 2024
Assista declaração de Ana Patrícia: