Vídeo: 'estamos passando fome', diz representante dos barraqueiros do Pelourinho
Em protesto, trabalhadores afirmam que estão impedidos de trabalhar
Foto: Gilberto Júnior/ Farol da Bahia
Em protesto realizado nesta sexta-feira (3), os barraqueiros do Centro Histórico de Salvador, que atuam na região do Pelourinho, denunciaram a perseguição que vêm sofrendo da prefeitura da capital baiana e do restaurante Mariposa, que instalou o estabelecimento na região. A presidente do Sindicato dos Barraqueiros, Josenira Bispo dos Santos, afirmou que a categoria está “passando fome" porque está impossibilitada de trabalhar.
Ela, que tem barraca no Centro Histórico, alegou também que as autoridades da capital baiana suspenderam a realização do trabalho dos barreiros. "Sábado é dia da gente está trabalhando, mas cadê? Não tem nada. Nós estamos passando fome porque fomos impossibilitados de colocar nossas barracas. Nós vamos viver de que? Estamos aqui pedindo socorro, porque estamos passando fome mesmo. Não é necessidade, é fome mesmo. Necessidade a gente passou no auge da pandemia, mas agora é fome”, afirmou.
“Nós temos uma idade avançada, são mais de 40 anos vivendo disso. E agora nós vamos ficar dentro de casa de novo sem trabalhar? Tem muitos que não tem casa porque não está pagando aluguel. A gente está pedindo a ajuda do prefeito e do governador, principalmente no que diz respeito também às festas populares. Nós não temos nada”, completou.
Para explicar melhor a situação, Josenira Bispo disse ao Farol da Bahia que a prefeitura impediu que os trabalhadores colocassem barracas no local. “Fizeram a gente tomar curso, por que mesmo? A gente não pode nem trabalhar. Os barraqueiros estão com a mão na cabeça, sem saber o que fazer”, afirmou.
Ela relatou, ainda, que os trabalhadores da região não foram notificados pela prefeitura em relação a não permissão para trabalhar. “Eles simplesmente mandam os homens deles para rua, não tem nenhuma notificação. São os donos. Eles chegam aqui querendo bater, tirar o equipamento das pessoas na tora e, a depender, ainda levam nossas mercadorias”, continuou Leide Santos, vendedora ambulante no Centro Histórico há mais de 30 anos.
De acordo com a presidente da Associação dos Barraqueiros do Terreiro de Jesus e Pelourinho, Leide dos Santos, o empresário Gegê Magalhães, sócio do Mariposa, e o subprefeito da Prefeitura Bairro do Pelourinho, Alan Muniz, têm atuado para impedir o funcionamento do trabalho dos ambulantes e barraqueiros no local. As negociações, segundo a representante da categoria, tem sido acompanhada pelo diretor de Serviços Públicos da SEMOP, Adriano Silveira, mas o veto aos ambulantes permanece.
No total, 30 trabalhadores que atuam no Terreiro de Jesus e 45 de outras áreas do Pelourinho estão impedidos de atuar. Além da pandemia, que tem afetado o trabalho da categoria, os barraqueiros do Centro Histórico também foram afetados, nos últimos anos, com a requalificação da Praça do Terreiro de Jesus, quando tiveram a dinâmica do trabalho alterada. Após o retorno ao local com a finalização da obra urbana, a pandemia impediu a circulação de turistas e baianos e prejudicou a atividade deles.