Vídeo: Ex-Prefeito de Manaus acusa governador de assassinato
O estado vive nova crise na saúde que culminou com a falta de oxigênio nos hospitais
Foto: Reprodução
Com o aumento no número de casos da Covid-19 no estado do Amazonas e a nova crise na saúde que culminou com a falta de oxigênio nos hospitais, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), gravou um vídeo acusando o governador Wilson Lima (PSC), de assassinato.
"Eu não estou vendo que falte oxigênio em nenhum outro lugar [do Brasil], mas está faltando em Manaus, está faltando no Amazonas", disse Virgílio Neto em um vídeo publicado em seu perfil no Twitter.
"Eu queria dizer diretamente ao governador do estado que o nome disso é assassinato", afirmou. "Como é assassinato se comprar respirador falso, respirador que não serve para curar ninguém, ainda mais em loja de vinho e com preços superfaturados", acrescentou.
Durante toda a pandemia, o governador do Amazonas respondeu a vários processos de desvio de verba e fraudes envolvendo a compra de respiradores.
Em abril de 2020, o governo do Amazonas realizou a compra de 29 ventiladores pulmonares numa loja de vinhos. Foi pago R$ 2,9 milhões, um valor quatro vezes acima do preço de mercado dos aparelhos na época, por respiradores considerados "inadequados" pelo Cremam (Conselho Regional de Medicina do Amazonas).
Em julho de 2020, Wilson Lima foi alvo de busca e bloqueio de bens em operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF), chamada de Operação Sangria. A força-tarefa prendeu a secretária de saúde do estado, Simone Papaiz.
A investigação aponta supostas fraudes e desvios na compra de respiradores, com dispensa de licitação, de uma importadora de vinhos — os equipamentos deveriam ser destinados ao combate ao novo coronavírus, que causa a doença Covid-19. A PF cumpriu os mandados na sede do governo do estado, na casa de Lima e na secretaria de saúde, em Manaus.
A operação cumpriu mandados de prisão temporária contra oito pessoas, além de buscas e apreensões em 14 endereços de pessoas ligadas a Lima. As medidas foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e incluem o bloqueio de bens no valor R$ 2,976 milhões, de 13 pessoas físicas e jurídicas, incluindo Lima.
A PF chegou a pedir a prisão de Lima, mas o ministro Falcão afirmou que, "ao menos neste momento", isso não se justifica.
De acordo a investigação, foram identificadas compras superfaturadas de respiradores; direcionamento na contratação de empresa; lavagem de dinheiro; e montagem de processos para encobrir os crimes praticados com a participação direta do governador.
Pedidos de impeachment
No ano passado, três pedidos de impeachment contra o governador Wilson Lima foram protocolados na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas.
Em abril, o Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) entrou com pedido de impeachment, mas a maioria dos parlamentares votou pelo arquivamento, em agosto. Em novembro, representantes do Conselho Regional de Administração (CRA-AM) e Conselho Regional de Economia (Corecon) fizeram uma “Reiteração de Denúncia”.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mario Vianna, pediu o impeachment do governador no dia 16 de dezembro por "farta comprovação da prática de crime de responsabilidade e improbidade administrativa".