Vídeo: Morro do Careca sofre processo de erosão acelerado e Prefeitura de Natal retoma obras de preservação de paisagem
Morro do Careca é uma das dunas mais famosas do Nordeste; Defesa Civil publicou relatório sobre aceleração do processo de erosão em setembro deste ano
Foto: Reprodução/Projeto Falésias
O Morro do Careca, principal atração turística de Natal, município do Rio Grande do Norte, e uma das dunas mais famosas do Nordeste, enfrenta um acelerado processo de erosão. O ponto turístico além de perder areia na base, também está diminuindo ao longo das última décadas. Entre os anos de 2006 e 2023, foi registrado que o topo do morro perdeu cerca de 2,7 metros de altura.
O morro que em 2006 tinha 66 metros, diminuiu para 63,3 metros em 2023. A área perdida equivale a 318,5 m³, essas informações são de um artigo publicado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Desde a década de 1990, o processo de erosão do Morro do Careca já havia sido identificado. Pesquisadores apontam que entre as principais causas estão o avanço do mar e a intensa ocupação da linha de orla com imóveis. Uma obra de alargamento da faixa de areia é realizada na praia de Ponte Negra, localizada no mesmo local onde fica o Morro do Careca, e pesquisadores acreditam que essa obra tenha forte impacto no processo de erosão do morro.
Em 1997 foi proibida a prática de escalar o morro. Ainda assim, são resgistrados casos de desobediência de moradores e turistas, que são vistos escalando a duna.
Relatório da Defesa Civil
Em setembro deste ano, a Defesa Civil publicou um relátorio que informa a aceleração do processo de erosão, além de citar que o desgaste do terreno gera o risco de desabamento em locais com circulação de pessoas.
A área do morro foi isolada pela Prefeitura de Natal, que decretou situação de emergência e retomou obras de engorda da praia de Ponta Negra. Em um vídeo divulgado, é possível ver o aterramento que começou em setembro na Via Costeira, a cerca de 4km do Morro, e está previsto para chegar à base da duna em janeiro do próximo ano, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo da capital. Mais de 70% da obra já foi executada.
O relatório divulgado em setembro também inclui a informação que a erosão é causada pela chuva.
"De acordo com INMET, os meses de janeiro a julho de 2024 registraram precipitações maiores do que o mesmo período do ano anterior, tendo sido registrada uma média mensal acumulada de janeiro a julho de 2023 de 95mm de chuva, enquanto que a média mensal acumulada para o mesmo período de 2024 foi de 266mm”, diz o relatório.
Embora a chuva tenha participação no processo de erosão, o Secretário de Meio Ambiente e Urbanismo da cidade, Thiago Mesquita, cita a maré e os ventos como os principais fatores de erosão.
“Em relação aos ventos, nós não temos o que fazer. Não tem como colocar uma barreira para impedir que o vento chegue ao morro. Mas com o aterro hidráulico, com a diminuição da principal contribuição erosiva que são as marés, que é a dinâmica costeira, a gente vai ter uma retroalimentação do morro, a médio e longo prazo, muito maior do que o emagrecimento que vai ser ocasionado pelos ventos”, comentou.
O secretário concluiu dizendo que a engorda, junto as obras do município na orla, como a equalificação da drenagem e conclusão do enrocamento, barreiras de pedra e concreto para impedir os impactos das ondas no calçadão, devem garantir mais estabilidade para a orla, nos próximos anos, mas que não é possível reverter o morro ao que era antes.