Vídeo: prefeito de Salvador, Bruno Reis chama empresário alvo da Overclean de “irmão”
Nas imagens, é possível ver ainda o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, ao lado dos dois; Bruno Reis e Samuel Franco são sócios

Foto: Reprodução/Redes Sociais
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), homenageou o sócio dele, o empresário Samuel Franco, mais conhecido como “Samuca”, apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos operadores financeiros do esquema de desvio de emendas investigado pela operação Overclean.
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O discurso, resgatado por internautas, foi feito durante o lançamento de um empreendimento de Samuel, o Ilhéus Praia Hotel, localizado no sul da Bahia. Durante a fala, Bruno ressalta a proximidade entre eles e chama o empresário de “irmão”.
“Vocês sabem da minha amizade, do meu carinho, do meu amor, mas principalmente da admiração que eu tenho por esse cara aqui, esse irmão que a vida me deu, Samuca [...] ele me liga todos os dias entre 8h e 8h10, que é a hora que ele sabe que eu saio da academia e estou me deslocando até minha casa. E toda vez que ele me liga, eu tenho certeza de que é para ouvir palavras de estímulo e apoio para poder continuar”, disse o prefeito. Não há detalhes de quando o vídeo foi gravado. Veja abaixo:
Nas imagens, o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, aparece na gravação ao lado de Bruno e do empresário. Por meio de nota, a assessoria de Bruno Reis afirmou que a relação “é de ordem pessoal” e ressaltou que o gestor “não é alvo de qualquer investigação”.
Em outro registrado publicado nas redes sociais, Samuca aparece ao lado de Carlos André, lobista preso pela Overclean em dezembro do ano passado, além de Bruno Reis e ACM Neto.
Da esquerda para direita: Carlos André, Bruno Reis, ACM Neto, e Samuel Franco | Foto: Reprodução/Redes Sociais
Na segunda-feira (14), a Folha de S. Paulo revelou que Bruno e Samuca são sócios SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda, desde maio de 2022. A empresa atua na "compra, venda e permuta de imóveis próprios", "incorporação e loteamento de áreas urbanas e rurais", além de construção civil, administração e locação de bens próprios.
Quando a venda foi realizada, Samuca obtinha 95% do capital social da empresa. Através da empresa BB patrimonial, a qual o prefeito divide sociedade com os filhos, Bruno Reis comprou 10% das quotas do empreendimento, no valor de R$ 60 mil.
Empresário do ramo imobiliário, Samuel foi alvo de busca e apreensão durante a terceira fase da Overclean, que afastou o secretário de Educação de Belo Horizonte (MG), Bruno Barral. A PF cumpriu mandados em endereços ligados a Samuca, em Ilhéus.
O Farol da Bahia entrou em contato com a assessoria da Prefeitura Municipal de Salvador que informou que "O prefeito de Salvador, Bruno Reis, não é alvo de qualquer investigação e sua relação com Samuca Silva Franco é de ordem pessoal."
Operação Overclean
As investigações apontam uma organização criminosa suspeita de atuar em fraudes licitatórias, corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos por meio do DNOCS, especialmente a Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST-BA). O esquema teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão.
Os recursos públicos eram provenientes de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais. A organização utilizava o superfaturamento de obras e desvios financeiros.
Nas outras duas fases da operação, 16 pessoas foram presas. Dessas, 11 foram soltas por determinação do Tribunal Regional Federal (TRF) em dezembro.
A investigação da PF identificou o “Rei do Lixo”, como um dos 'cabeças' do esquema fraudulento de desvio de emendas parlamentares. Moura é proprietário de um grupo empresarial que atua no ramo de limpeza urbana em dezessete estados do país.
Filiado ao União Brasil, o empresário é ligado ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). A PF, inclusive, apontou indícios de que era o ex-prefeito quem facilitava os negócios do grupo empresarial por meio de desvios de emendas.
Após os desdobramentos da Operação Overclean apontarem integrantes da cúpula nacional do União Brasil investigados por fraude licitatória e desvio de dinheiro público, as contas do Instituto Índigo, comandado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, entraram na mira de dois integrantes do Conselho Fiscal do partido após uma reunião e devem ser encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Menções ao deputado federal Elmar Nascimento levaram a operação Overclean a parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar disso, o relator do caso na Corte, ministro Nunes Marques, determinou que a investigação da Polícia Federal deve seguir na Bahia.
Além da relação com o vereador Francisquinho Nascimento, o primo que é um dos presos da operação, Elmar comprou um imóvel avaliado em R$ 3 milhões da empresa da filha do empresário Marcos Moura. O apartamento, em Salvador, é investigado na Operação Overclean.
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