Viroma de mosquitos silvestres é investigado pela FioCruz
O artigo foi publicado, neste mês de julho, pelo Journal of Virology
Foto: Flávio Carvalho/WMP Brasil/FioCruz
O primeiro artigo sobre mosquitos silvestres e a comunidade viral que os infecta (viroma), foi publicado, neste mês de julho, pelo Journal of Virology. O estudo foi realizado por integrantes do Departamento de Entomologia e do Núcleo de Bioinformática da Fiocruz Pernambuco, liderados pelo pesquisador Gabriel Wallau. São autores, além de Wallau, os doutorandos em Biociências e Biotecnologia em Saúde Luisa Maria Inácio da Silva e Filipe Zimmer Dezordi, além dos egressos do mesmo curso, Alexandre Freitas da Silva e Laís Ceschini Machado.
O estudo caracterizou o viroma de RNA de dez espécies de mosquitos da Mata Atlântica no Nordeste, usando uma abordagem metatranscritômica metodologia que visa caracterizar, por completo, o genoma dos vírus com genoma de RNA que estavam presentes nos mosquitos amostrados, utilizando tecnologias de ponta de sequenciamento de alta vazão e de bioinformática avançada.
Já esses métodos, um total de 16 famílias virais foram detectadas e revelada a presença de pelo menos 34 novas espécies virais, predominantemente representadas por vírus específicos de insetos (ISVs).
Os autores destacam que nenhum dos vírus encontrados foi compartilhado entre as espécies investigadas, exceto um, estreitamente relacionado a um vírus encontrado em um mosquito do Peru. Dessa forma, este mesmo vírus já tinha sido caracterizado replicando em cultura de célula humana, ou seja, um vírus com potencial para infectar o ser humano.
As 34 novas espécies virais identificadas ressaltam o pouco conhecimento que se tem a respeito dos vírus que circulam nos mosquitos que habitam os biomas brasileiros. O artigo aponta que caracterizar esses vírus em mais detalhe, em novas pesquisas, é de crucial importância para entender se eles podem infectar humanos e causar surtos num futuro próximo.
“Este estudo fornece insights valiosos sobre as interações e a coevolução entre mosquitos e vírus em ambientes naturais, particularmente em biomas biodiversos como os do Brasil”, disse o coordenador Gabriel Wallau.