Vítimas relatam que médico do Samu de Salvador denunciado por violência física e psicológica descumpre medidas protetivas
Luís Gonzalo Velarde Acosta está afastado do cargo devido denúncias
Foto: Reprodução
As três médicas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, que possuem medidas protetivas contra o colega Luís Gonzalo Velarde Acosta, afirmam que ele não cumpre as restrições impostas pela Justiça.
Conforme as medidas, o peruano Luís Gonzalo deve se manter afastado das vítimas, está proibido de manter contato com elas e não deve se aproximar fisicamente delas ou dos parentes.
No entanto, o suspeito estaria desobedecendo todas as regras. Segundo relatos colhidos pela repórter Adriana Oliveira, da TV Bahia, Luís Gonzalo insistia em ligar para as vítimas, tentava pegar plantões junto com elas e as intimidava.
Uma das mulheres que denunciam o médico, afirma que ele chegou a ligar pelo telefone do pai dela e realizar ameaças. "Ele tentou me ligar várias vezes. Eu não atendi, até que meu telefone toca com o número de meu pai e era ele do outro lado da linha, dizendo que eu sabia do que ele era capaz de fazer, então eu deveria dizer onde estava", contou uma das médicas.
Por medo, a vítima revelou o hotel onde estava. Luís Gonzalo, então, teria chegado no local "quebrando tudo" e impedindo que ela chamasse socorro.
Desde 2018, o descumprimento da medida protetiva passou a ser definido como crime, previsto no artigo 28 A da Lei Maria da Penha. A partir da definição, o suspeito que desobedece às restrições determinadas tem pena de seis meses a dois anos de prisão.
Luís esteve no Samu da capital baiana entre os anos de 2018 e 2024. No dia cinco de dezembro do ano passado ele foi afastado por três meses pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). As denúncias feitas por oito mulheres foram encaminhadas para análises da Procuradoria Geral do Município (PGM).
Todas as vítimas são profissionais de saúde e sete delas tiveram relacionamentos afetivos com Luís nos últimos anos. A oitava denunciou assédio sexual, que teria ocorrido no elevador de um prédio onde os dois foram fazer atendimento.
Uma das mulheres, que preferiu não revelar a identidade, contou à TV Bahia que foi agredida no rosto pelo suspeito, teve roupas rasgadas e já foi trancada no apartamento do médico quando ele teve um ataque de ciúmes. Outra vítima se afastou do Samu por medo de trabalhar com Luís Gonzalo.
A defesa de Luís afirmou que as reclamações são mentirosas e feitas para manchar a imagem do médico.
Em janeiro, um mês após o afastamento de Luís do cargo, a PGM sugeriu que caberia à chefia médica do Samu o cumprimento das medidas protetivas no ambiente de trabalho e que, ao invés da suspensão total do contrato, fossem adotadas medidas que permitissem o exercício de trabalho de Luís Gonzalo, evitando contato com as vítimas.
Em resposta, no último final de semana, um manifesto foi encaminhado pelas vítimas para a SMS, pedindo apuração das denúncias e tomadas de medidas cabíveis. "Solicitamos o afastamento do profissional, em consonância às medidas protetivas, de forma preventiva, até que se tenha processo em transitado e julgado", diz parte do documento.
Em nota, a SMS reafirmou a decisão de afastamento do profissional, disse que não foi acionada pela Justiça para adotar medidas protetivas, mas ainda assim optou por afastar o médico após receber as denúncias.