Volkswagen se recusa a pagar R$ 165 milhões em indenizações por trabalho escravo e tráfico de pessoas na ditadura
Segundo MPT, empresa abandonou negociação durante audiência
Foto: Reprodução
Durante audiência na última desta quarta-feira (29), a Volkswagem se recusou a pagar R$ 165 milhões em indenizações a 14 trabalhadores por acusações de tráfico de pessoas e trabalho escravo ocorridos na Fazenda Vale do Rio Cristalino, no Pará, no período da ditadura militar brasileira. Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), a empresa abandonou a negociação durante audiência.
A investigação aponta que trabalhadores da fazenda de 140 mil hectares, residiam no local em situação degradante de trabalho, sob violência e violação dos direitos humanos. Os depoimentos revelam falta de tratamento médico nos casos de malária; proibição de saída da propriedade, por vigilância armada ou dívidas contraídas e alojamentos insalubres.
Por meio de nota, a Volkswagen rejeitou as alegações apresentadas pela investigação e afirmou que "não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros".
O MPT lamentou o posicionamento da empresa, que contraria seu discurso de compromisso com o Brasil e com os direitos humanos, "pois se trata de uma gravíssima violação que ocorreu durante mais de 10 anos com a sua participação direta".
O montante da indenização seria destinado à reparação das vítimas já identificadas e para a criação de um programa de identificação e busca de outros trabalhadores que tenham passado por situação similar na fazenda. O órgão afirma que "adotará todas as medidas judiciais e extrajudiciais necessárias para a efetiva reparação dos danos gerados pela empresa".