Michel Telles

Volume de transações sem dinheiro em espécie mais que dobrará até 2030, mostra pesquisa

Mercados asiáticos lideram globalmente as transações sem usar dinheiro em espécie

Por Michel Telles
Ás

Volume de transações sem dinheiro em espécie mais que dobrará até 2030, mostra pesquisa

Foto: Divulgação

Crescendo a cada dia e ganhando confiança da população, o pagamento sem usar dinheiro em espécie deve aumentar cerca de 82% de 2020 a 2025 globalmente e quase triplicar até 2030, mostra a análise realizada pela PwC. No Brasil, o modelo de pagamentos instantâneos, o Pix, e o Open Banking (Sistema Financeiro Aberto) fazem o país acompanhar o movimento global. 

Ainda conforme o levantamento do braço de consultoria estratégica da PwC, a Strategy&, o número de operações em dinheiro deve passar de 1,035 trilhão para 1,882 trilhão até 2025. A região Ásia-Pacífico crescerá mais rapidamente, com o volume de transações sem dinheiro em espécie aumentando em 109% até 2025 e, depois, em 76% até 2030. 

O destaque dos mercados asiáticos, principalmente da China, se deve à mudança no comportamento da população, que passou em poucas décadas a deixar de usar dinheiro em espécie para fazer pagamentos virtuais pelo celular. Aplicativos populares como Alipay, da gigante Alibaba, e WeChat Pay, aplicativo similar ao Whatsapp, criaram uma nova cultura de pagamentos digitais na região. 

Em seguida, estão a África (com 78% em 2025 e 64% em 2030) e a Europa (64% e 39%, respectivamente). A América Latina vem depois (52% e 48%), e os EUA e o Canadá terão o crescimento mais lento (43% e 35%). 

O que esperar do futuro 

O levantamento da PWC revela ainda que os próximos cinco anos serão afetados por seis macrotendências: maior inclusão financeira; aumento das carteiras digitais; expansão dos pagamentos internacionais (entre países); criação das moedas digitais; acirramento da batalha dos rails (meios ou arranjos de pagamentos) e avanço dos crimes financeiros. 

Justamente pensando nestas tendências, os provedores de serviços de pagamento precisam trabalhar para garantir estruturas globais transparentes e criar confiança e visibilidade em relação à aceitação do cliente, a capacidade de suportar o risco de crédito e estruturas de supervisão globais eficientes. Eles também precisam dominar totalmente o mundo dos dados para vencer essa corrida e alcançar escala global. 

Força do Pix  

Com os resultados positivos para essas economias, alguns governos estão liderando o desenvolvimento de sistemas de pagamento sem dinheiro, tais como Troy, na Turquia, Mir, na Rússia, e Pix, no Brasil.  

Justamente o Pix tem feito o Brasil figurar na vanguarda da inclusão financeira, graças à liderança do Banco Central do Brasil (BCB), o país conta com iniciativas que promovem novas tecnologias de pagamento, interoperabilidade, redução de custos e concorrência aberta. 

Expandido recentemente com o Pix Saque e o Pix troco, a ferramenta completou um ano em novembro e já movimentou R$ 6,9 bilhões em 872 milhões de transações. Segundo o BCB, cerca de 75% das transações são realizadas entre pessoas físicas, já a transferência de pessoa física para pessoa jurídica tem crescido, chegando hoje a 16%. 

Outra inovação que ganhou força com o Pix foi o pagamento com QR code, que já estão ajudando a alavancar as infraestruturas de pagamentos instantâneos, fornecendo acesso fácil e barato a pagamentos digitais, seja por meio de um dispositivo tradicional de para ponto de venda, como uma máquina de cartão, ou de um dispositivo móvel para comerciantes e consumidores. 

O Brasil observou a importante expansão das fintechs e, mais recentemente, uma elevada incursão de indústrias tradicionais, como varejistas e telecoms, na criação de empresas de serviços financeiros. Esse ambiente competitivo deve se tornar ainda mais disputado com a conclusão e o amadurecimento do Open Banking brasileiro, que é bastante abrangente, sobretudo quando comparado com outros modelos internacionais. 

Com a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de operação de crédito proporcionado pelo Open Banking, o caminho para um crescimento próximo a 80% dos volumes de pagamentos em cinco anos pode estar mais visível. 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]

Faça seu comentário