Como os nossos pais, não!

Ás

Como os nossos pais, não!

"Agora vão ter que me engolir”, esta expressão que corriqueiramente tem sido usada, é de autoria do técnico Zagallo, logo após a conquista da Copa América de 1997, quando a seleção brasileira venceu a anfitriã Bolívia pelo placar de 3 a 1. Foi um desabafo por toda pressão que vinha sofrendo da imprensa e um recado a quem dizia para colocar o técnico Luxemburgo no lugar dele. Remeto-me a essa passagem porque aprecio o avanço da sociedade e suas conquistas de cidadania e respeito ao ser humano, mas que muitos ainda só o fazem por conta da pressão desta mesma sociedade, não por compreensão do avanço das pessoas e dos seus direitos, mas porque precisam engolir os avanços. Recordo-me aqui do caso de  Laci Marinho de Araújo, ex-sargento  que foi preso em 2008 pelo Exército ao revelar que vivia um relacionamento homossexual com seu colega, o também ex-sargento Fernando Figueiredo. Eles levarão o caso de homofobia e perseguição ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois se sentiram perseguidos em sua orientação sexual, coincidentemente após denunciarem suspeitas de desvio de verbas envolvendo oficiais graduados do Exército, o que fez o casal entrar em conflito com a corporação.

É evidenciada a importância de abrir a nossa mente e entendermos que as mudanças são necessárias, como forma de adequar as novas gerações às suas demandas. A sociedade, em seu geral, entendo, busca a equanimidade de tratamento, nas possibilidades, inclusive, das desigualdades. Há diversas maneiras, hoje, de ser e ver o mundo, que precisam ser aceitas, inclusive os que estamos e queremos preservar os regimes democráticos. O que ocorre é que infelizmente muitos estão estagnados, parados e o pior: querem voltar no tempo. “O hoje precisa ser construído com decisões que farão o futuro melhor com as experiências e raízes do que foi vivido, mas passou”, afirma o psicanalista Wallison Chistian.

Precisamos ficar atentos para não fazermos da lembrada canção de Belchior, da minha geração, “Como os nossos pais”, um hino de justificativas e repetirmos o que já passou em preconceitos, discriminações...Não há qualquer possibilidade de retorno a fatos, comportamentos do passado, mas no presente é que teremos condições de melhorar a sociedade e fazê-la mais amorável as nossas gerações descendentes, como contributo ao desafio de um mundo melhor, mesmo diante do que aparentemente está um caos. 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:[email protected]

Faça seu comentário