Compaixão e guerra

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Compaixão e guerra

Infelizmente, a tal polarização que tem gerado brigas familiares, de amigos por conta de políticos, contamina tudo. As pessoas se tornam torcedoras fanáticas de políticos. A questão não são projetos, ideais, mas os políticos e seus “ conceitos”, haja vista que as defesas de certos pontos de argumento não conseguem, na grande maioria, sair de breves leituras de resumo de notícias e ou de difusão de mensagens falsas. É o que estamos vendo em relação a guerra de Israel contra o hamas. Noto, o que faço agora, que em se tocar nesse sensível tema, é preciso reafirmar que o ataque do hamas aos israelenses foi sim ato terrorista, como se houvesse uma necessária e imediata posição acerca de que lado se encontra. Ora, ora alguém em sã consciência vai imaginar que barbárie tem lado, ou sempre será contra a humanidade civilizatória? Entendo, no entanto, por outro lado, que essa mesma humanidade não pode se esquecer de seus compromissos humanitários, parece óbvio, mas não é, por conta de condução ideológica, descartando posicionamentos sociais. Saímos da Páscoa, onde, em geral, buscamos a contrição pela morte de um inocente, que nos ensinou buscar, acolher o outro. Não entendo, dessa forma, como posso ser cristão e não pensar em compaixão. Não falo a favor de terroristas, que evidenciam o pior dos seres humanos. Não. Falo de pessoas comuns como nós, pais, mães, avós, tios... Alguém me disse, reproduzindo o discurso de uma autoridade israelense, que “em Gaza não há inocentes”. Calei-me.

A verdade é que milhares de pessoas foram às ruas de Tel Aviv, Jerusalém e outras cidades de Israel na noite desse sábado. Os manifestantes pedem a renúncia do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e a libertação de reféns mantidos em sequestro. Ocorreram marcha em direção à residência de Netanyahu, em Cesareia, costa de Israel, manifestantes driblaram barreiras policiais e tentaram chegar na residência do primeiro-ministro, chamando-o de "anjo da destruição”. Será que alguém é mais israelense do que os próprios, ou vão usar – já vi isto – da desinformação para falar que eram terroristas infiltrados?

O tensionamento social com o conflito no Oriente Médio entre Israel e o grupo hamas também está repercutindo no ambiente acadêmico brasileiro. Independente da origem, judaica ou árabe, posicionamentos contra a ação militar dita como excessiva do governo de Benjamin Netanyahu está sendo condenada pela “desproporcionalidade de força”. Michel Gherman, doutor em História Social e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é judeu, se declara um sionista de esquerda e já perdeu as contas de quantas vezes já foi hostilizado por seu posicionamento crítico à ocupação de terras palestinas.

Precisamos reaprumar o nosso sentimento de humanidade, sem esquecer o raciocínio que dever nortear a lógica, nesta conquista extraordinária da nossa espécie: a inteligência a serviço da nossa humanidade. 
 

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