O mundo político brasileiro é de uma prodigalidade fantástica. Encontraremos nele exemplos de desfaçatez, engodo, estelionato, falácia e, naturalmente, roubo...por aí vai. Nesse universo a criatividade para enganar se supera a cada dia. Certo, também, por outro lado, que esses senhores fazem parte de um naco da sociedade de nosso país, logo, de um modo geral, como eles também, no geral, somos assim.
O eufemismo é uma figura de pensamento, que corresponde a um dos subgrupos das figuras de linguagem, a qual está intimamente relacionada ao significado das palavras. Do grego, a palavra “euphémein” é formada pelo termo “pheme” (palavra) e o prefixo "eu-" (bom, agradável), que significa “pronunciar palavras agradáveis”, conceituam os dicionários pela internet. Vemos, então, uma apropriação enorme por parte dos políticos para não pronunciarem palavras desagradáveis com intuito não de ofender o(s) receptor(es), mas para minimizar os seus feitos diante da opinião pública. Foi assim que vimos ao longo do tempo caixa dois ser transformada em contabilidade paralela, crimes que vêm à lume serem comentados como irregularidades detectadas, peculato como rachadinha e assim por diante...
Claro que utilizada com urbanidade, com a preocupação no outro, o eufemismo é civilizadíssimo. Esse recurso de linguagem que contorna formas de expressão duras, grosseiras ou chocantes faz com que as relações não sejam tal conflituosas e as pessoas não se sintam atacadas em sua sensibilidade pessoal ou coletiva, segmento de algum grupo. O que vemos, no entanto, é a utilização do eufemismo sem qualquer prurido de sensatez ou ridículo. Esses senhores, sempre em geral, têm ficado tão à vontade pelas tais construções das chamadas narrativas (aqui empregada como recontar fatos com intenção de mentir, empregar informações erradas), que ruborizam os mais desatentos dos ouvintes, pelo choque com a realidade que pode ter acontecido há pouco mais de algumas horas e disseminadas pelas redes sociais. Estamos todos sendo vistos e registrados, como profetizado pelo "Grande Irmão", tradução literal de "Big Brother" no original, que na verdade significa "Irmão Mais Velho", em linguagem coloquial inglesa, é um personagem fictício no romance 1984 de George Orwell... Mesmo assim, vem o pior: a depender de quem conta a narrativa ou faz o eufemismo terão pessoas que acreditam, que passam a defender a ideia, a mentira como verdade absoluta, isto me choca constantemente. É tão real e preocupante essa questão, que, por mais incrível que pareça, centenas passaram a acreditar que a Terra é plana, mesmo esta questão já ter sido pacificada há mais de quatrocentos anos, pois o que entendemos hoje por “ciência” teve a sua concepção elaborada desde o fim da Idade Média, mas só atingiu sua primeira configuração sólida no século XVII, principalmente com Galileu Galilei. Esse momento da história do pensamento científico é chamado por alguns pesquisadores de Revolução Científica do século XVII, mas há quem quer fazer voltar esta roda do tempo e bate o pé que a Terra é plana. Imagina!!!
