Não é possível

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Não é possível

É sabido e sempre relembrado que o brasileiro não é um povo que preserva, que busca  conhecer a sua história, em processo de conexão do ontem com o hoje, em explicação dos movimentos da sociedade. Infelizmente, por falta de interesses dos entes Público, principalmente após a promulgação do decreto do presidente da República, de 11 de abril de 2019, que extinguiu os colegiados da administração pública previstos em lei, a 20ª Vara Federal do Rio de Janeiro precisou deferir, em 13 de outubro, tutela de urgência em Ação Civil Pública, movida pela Defensoria Pública da União e pelo Ministério Público Federal, para que a União e o Iphan cumpram as obrigações assumidas pelo Estado brasileiro junto à Unesco em julho de 2017, quando o Cais do Valongo foi incluído na lista de patrimônio cultural mundial. As obrigações dizem respeito à conservação, promoção e valorização do sítio arqueológico, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro. 

O Cais do Valongo, o maior porto dos horrores escravagistas da história –, no Rio de Janeiro, está abandonado e corre o risco de perder o título. Essa é a avaliação de organizações da sociedade civil e de especialistas. É importante lembrar que o Cais do Valongo não foi só um porto negreiro hediondo. Era também local onde os escravos se recuperavam fisicamente para posteriormente serem vendidos como mão de obra nos mercados. Ele era denominado de complexo porque não incluía somente o Cais de Desembarque, mas também:

 –O Lazareto: Hospital de quarentena para  recuperação dos recém chegados doentes; 
–Casas de Engorda: Local onde eram alimentados para engordarem e serem vendidos,
–Armazéns de venda: Local onde eram vendidos,
–Cemitérios dos Pretos Novos: Fossas comuns onde eram jogados os africanos que chegavam sem vida após a desgastante rota marítima ao Brasil. Não tinham direito a cerimônia.

O Cais do Valongo construído em 1811 foi coberto, em 1843, pelo Cais da Imperatriz, construído para a recepção de Teresa Cristina, mulher do imperador dom Pedro II. No processo de urbanização da cidade, recebeu outras camadas de soterramento da história até que, em 2011, foi localizado por escavações arqueológicas. Elevado a patrimônio mundial da Unesco em 2017, o monumento, considerado o mais importante vestígio do tráfico negreiro em todo o continente americano, parece que novamente querem torná-lo esquecido, desaparecerem com ele. É história de nosso povo e dos horrores que se cometeu contra humanos escravizados. Por Volongo desembarcaram cerca de um milhão de africanos que eram tidos como mercadoria para consumo. 
 

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