Nessa terça-feira a Cidade da Luz, que com um grupo de quatro pessoas fundei em 1978, aniversaria. São 46 anos de lutas, conquistas, fracassos e tudo, sempre, claro, com inestimável colaboração de centenas de voluntário e benfeitores encarnados, que não medem esforços para levar ajuda às pessoas necessitadas. Não temos aporte algum de dinheiro público, nada. Zero convênio, nem valores fixos de grupos empresariais nacionais ou estrangeiros, artistas...nada. Temos um sistema de aluguel de sala com a Secretaria de Educação do município, que nos rende apenas 1/10 do nosso gasto mensal. Vivemos, dizem os antigos, do que tecemos, das contribuições dos sócios. Complexo com quatro prédios, a Cidade da Luz atende, resumidamente, na área médica-odontológica a centenas de pessoas mensalmente, contando ainda com amparo a gestantes, diversos cursos e entretenimentos para centenas de crianças em risco social ou não, atendimentos a adictos e suas famílias, apoio psicológico, sem falar a nossa escola municipal, onde oferecemos toda a rede de assistência e apoio aos quase trezentos alunos e suas famílias. Todo trabalho realizado por voluntários, à exceção da escola, que é municipal. Há, no entanto, um serviço que tem tocado em especial aos voluntários – o busão da solidariedade, é um ônibus comum que adaptamos de forma esmerada, com cinco boxes privativos, sendo um para deficientes, onde oferecemos banho, roupa limpa, cortes de cabelo, alimentação a pessoas em situação de rua. Sai por Salvador duas vezes na semana. Caso identifiquemos alguém com necessidades maiores encaminhamos para a base (a própria sede da Cidade da Luz, em Pituaçu) para atendimentos mais direcionados. Esses são um pouco do aspecto social de sua ação, aqui não registramos o seu desiderato no campo do amparo espiritual e ou emocional.
Muitos me perguntam, permitam-me o momento autobiográfico, o que me levou a fundar uma instituição, quando tinha apenas 17 anos? Certamente, a vida que eu tive em minha infância, morador da Ladeira da Preguiça, com dificuldades de toda natureza. Lembro-me bem das minhas promessas de menino a mim mesmo: quando crescer e estiver trabalhando, vou ajudar a crianças a não passarem fome...e daí iam as promessas ao Universo. Hoje aos 63 anos, aposentado, concursado que fui da Justiça do Trabalho, onde trabalhei por 37 anos, mais dois de menor-aprendiz do Banco do Brasil, sinto que valeu muito a pena tudo. Tudo. Até as dificuldades, dentro daquela boa visão popular, que cultivo, na sabedoria dos mais velhos: o que não nos mata, fortalece-nos. Aproveitei este espaço de referência para dizer meu muito obrigado a todos que fazem a Cidade da Luz ter a sua ação, o seu propósito vitorioso sob a proteção dos bons espíritos e a boa-vontade de pessoas do Bem.
Obrigado.