Em 13 de novembro de 2023, deu-se por encerrado o ciclo de festas do Opô Afonjá com os 14 dias de Omolú, que acontece sempre numa segunda-feira – festa que é aberta ao público. Neste dia, toda família Iji (prefixo do nome dado aos filhos de Omolú) se faz presente: Omolú, Nanã, Oxumarê e Yewá, retornam catorze dias depois do Olubajé (relembre o ciclo de festas aqui) trazendo consigo bons fluidos e muita saúde para que possamos continuar tudo novamente no ano vindouro. Além da família Iji, Irokô – Orixá masculino, representado na árvore Gameleira e, Apaoká – Orixá feminino, representada na Jaqueira, também se fazem presentes. A celebração dos 14 dias de Omolú nos dá a sensação de dever cumprido e a satisfação por termos feito tudo ao gosto dos Orixás.
Neste dia não tem sacrifico animal, portanto, não tem o Ipadê. Mas, antes do Candomblé começar, rendemos homenagem a Exu para que tudo ocorra bem e, depois, se canta para os demais Orixás. Depois da roda cantada, os anfitriões chegam dando as boas-vindas, seguindo para trocarem de roupa – salvo Irokô e Apaoká, que dentro da tradição do Opô Afonjá, são Orixás que não se manifestam. Ao retornarem, as mulheres de Iansã trazem grandes balaios com pipoca, onde Omolú, Nanã, Oxumarê e Yewá jogam em todos os presentes, fazendo um grande ebó, objetivando a saúde coletiva e o bem estar de todos os presentes: momento de pura energia positiva!
Após dançarem e esbanjarem todo o Axé, os Orixás retornam para o Orun – Céu. Todos felizes e satisfeitos, mas, ainda com a missão de continuar nos protegendo aqui no Aiyê – Terra. No dia seguinte, terça-feira, é o dia de levarmos os presentes para Iemanjá e Oxun – cerimônia restrita aos filhos da casa. Local: Baía de todos os Santos. Às 7h da manhã, todos já estão prontos à espera do ônibus que nos levará para a famosa Rampa do Mercado – Mercado Modelo (ponto turístico de Salvador). Os atabaques seguem todo o trajeto pelas ruas de Salvador, saudando os Orixás. Embarcados, pedimos licença às Águas e seguimos para o ponto escolhido em alto mar, para assim, ofertarmos os presentes. Vale lembrar que plástico e/ou vidro não faz parte do presente. Tudo é biodegradável!
Especificamente este ano, não retornamos para a Rampa do Mercado, pois - como a maré estava baixa - o desembarque seria ruim para as senhoras que estavam de saias e anáguas. Seguimos, então, para a Ribeira e, de lá, retornamos pra roça. Ao chegar, alguns filhos já estavam apostos com as casas dos Orixás abertas para saudarmos cada um e darmos satisfação de tudo o que foi feito. Enfim, mais um ciclo concluído. Da porteira até a casa de Oxun, todos cantavam uníssonos: “Ayó, ayó. Omo nilêayó!” – Que a alegria esteja sempre em nossas casas.
E assim encerramos mais um ciclo. Que tenhamos vida longa com muita saúde para que no ano vindouro estejamos firmes e fortes.
Axé!