Quando os ricos descobrem os benefícios dos pobres

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Quando os ricos descobrem os benefícios dos pobres
Foto/Reprodução
A música "Que País É Este?" Escrita por Renato Russo, em 1978, ainda que tenha uma de Cazuza com o mesmo título, se funda na contemporaneidade da sua mensagem. Sem qualquer intenção xenofóbica, mas apenas levantando dados trazidos pela mídia, o estado de Santa Catarina, que com apenas 3% da população brasileira, lidera o avanço do neonazismo no Brasil.

Tornando-se notícia triste e infelizmente, também, tem se notabilizado pela usurpação de políticas inclusivas, para ricos se beneficiarem. As notícias dão conta que estudantes com patrimônio elevado, incluindo carros de luxo e outros bens, foram beneficiados pelo programa Universidade Gratuita de Santa Catarina, destinado a alunos de baixa renda. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificou 858 alunos com patrimônio igual ou superior a R$ 1 milhão que receberam bolsas integrais do programa, incluindo 12 com mais de R$ 10 milhões em bens, como imóveis de luxo e empresas.

O programa tem como objetivo oferecer educação superior gratuita para estudantes de baixa renda, mas a investigação do TCE revelou irregularidades na concessão de bolsas, com estimativa  prejuízo de R$ 324 milhões aos cofres públicos

É o Brasil dos que se acham muito “espertos”, onde a ética não passa de uma palavra em desuso, mas quando esta esperteza vem acompanhada de patrimônio milionário e acesso privilegiado à informação, o resultado é criminoso: a apropriação indevida de direitos criados para quem mais precisa. Descobriu-se que centenas de alunos, filhos de empresários, políticos e milionários — muitos estudando em escolas particulares caras — se inscreveram para receber um benefício estadual voltado a estudantes em situação de vulnerabilidade. O auxílio, idealizado para garantir que jovens de baixa renda pudessem frequentar a faculdade, foi engolido por quem já tinha tudo — menos vergonha.

Infelizmente, ainda vemos proliferar a teoria do cidadão de bem, mas que na prática é apenas espreitador de oportunismo infame.  Alegam despudoradamente estarem “dentro da legalidade”, podem até estarem, o problema, no entanto, é que isso nunca foi só uma questão legal — é uma questão moral.

Como dizia o escritor Lima Barreto, “o Brasil não tem povo, tem público”. Um público que aplaude, se beneficia e depois se retira sem pagar a conta e faz discurso envernizado de falsa moral e hipocrisia. Que Brasil é este?

 

 

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