Há sempre por parte dos estudiosos do comportamento humano dúvidas e reflexões entre as superstições de fim de ano e os ritos de passagem, abordagem esta muito trabalhada por Jung. A verdade é que as pessoas precisam acredita em alguma coisa e ter certezas sobres estas ideias. Vemos isso não apenas nas superstições, mas em tudo na vida: uma necessidade de segurança, não de incertezas e dúvidas. Surge uma espécie de equação emocional, onde se eu fizer A vou ter como resultado, sempre B. Naturalmente, que as crenças não seguem lógica alguma, salvo a vontade do crente (no sentido de quem acredita, claro). Então, se eu quiser paz no novo ano preciso “virar” o ano de branco, e assim será, acreditam. Curiosamente, não existe compromisso de trabalho interior para tanto, não. Se eu comer romã, terei prosperidade e lentilha fartura. Por aqui, parece que romã não é muito usada, não. Será então isso que dificulta a prosperidade? Claro que tudo isso para ser conquistado vai necessitar do trabalho individual, ou coletivo, a depender das metas, como investimentos no crescimento pessoal, nas buscas do aprimoramento, se puder, haja vista que os em situação de miserabilidade social só querem mesmo oportunidades, sejam quais forem, para a saída de suas situações de penúria.
Acreditar em superstições é em certa medida saudável, até o momento que desperta disposição, mobilização pela esperança. Todavia, jogar tudo em cima das superstições, não as tendo apenas como um fator festivo, de socialização momentânea pode evidenciar distúrbio, passagem para o patológico.
Apossar-nos-emos de nossa caminhada, do nosso futuro se lançarmos forças sempre para o confronto com os nossos desejos, sonhos, vontades, sim, mas tudo sob reflexões racionais de autoconhecimento e viabilidade de processos. Alguns ritos e ou superstições podem funcionar como uma válvula de escape apenas momentânea, como um start, que precisará ser alimentado com a disposição da luta, do ir atrás. Esses processos sempre serão o sentido da vida. Honestamente? Sem descanso, sempre, não apenas para um ano novo. Afinal, como dizia Jung, a vida começa sempre e de novo. São os ciclos que nos levam adiante. Saibamos respeitá-los. Vivenciar cada etapa da vida, enfrentar o novo faz parte da vida e do crescimento e muitas vezes, digo, não é fácil, pois sair da zona de conforto gera medo, ansiedade e claro a dor das incertezas.