2 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola no Brasil, aponta Unicef
Necessidade de trabalhar fora foi o principal motivo citado por quem deixou os bancos escolares
Foto: Ravena Rosa/Agência Brasil
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Unicef nessa quinta-feira (15), aponta que 11% das crianças e adolescentes entre 11 e 19 anos estão fora da escola no Brasil. Isso representa cerca de 2 milhões nessa faixa etária longe dos bancos escolares.
O levantamento “Educação brasileira em 2022 – a voz de adolescentes” foi realizado pelo Ipec (ex-Ibope) a pedido do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e reflete o cenário da educação brasileira após mais de dois anos de pandemia.
O órgão apontou que, na lasse A e B, o percentual é de 4% e, nas classes D e E, chega a 17% - ou seja, quatro vezes maior.
Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil, alertou que: "o país está diante de uma crise urgente na educação. Há, pelo menos, 2 milhões de meninas e meninos fora da escola, somente na faixa etária de 11 e 19 anos. Se incluirmos as crianças de 4 a 10 anos, o número certamente é ainda maior. E a eles se somam outros milhões que estão na escola, sem aprender, em risco de evadir".
Motivos da evasão
Entre aqueles que evadiram, 48% dizem que o principal motivo para deixar a escola foi a necessidade de trabalhar fora. Em segundo lugar, 30% afirmaram que saíram por não conseguirem acompanhar as aulas.
Além disso, outros jovens apontaram que não estão comparecendo às aulas porque têm que trabalhar fora, por não conseguir acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores, por ter que cuidar de outros familiares na sua casa e até mesmo porque sente que a escola é desinteressante.
Segundo o levantamento, 21% dos alunos que frequentam a escola pensaram em desistir nos últimos três meses (em relação a agosto de 2022, quando a pesquisa foi realizada). Entre as razões citadas, 50% dizem que não conseguem acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores, 38% sentem que a escola é desinteressante e 35% não se sentem acolhidos na sua escola.
Aulas presenciais
A pesquisa aponta ainda que, entre os que estão frequentando a escola, 84% dos alunos afirmaram estar interessados nos estudos, 71% se sentem animados e 70% estão otimistas com o futuro.
A volta das atividades presenciais é parte da razão para um índice tão alto, mesmo com as dificuldades de readaptação à rotina de estudos.
Em comparação com o período pré-pandemia, 52% estão frequentando mais as aulas e 46% estão participando das aulas por um tempo maior.
No entanto, o levantamento mostra que ainda há escolas fechadas, oferecendo apenas aulas remotas. Enquanto 92% dos estudantes dizem que a sua escola só tem aulas presenciais, ainda há 5% que afirmam ter aulas presenciais e remotas, e 3% que têm apenas aulas remotas.
A pesquisa “Educação brasileira em 2022 – a voz de adolescentes”, foi realizada de 9 a 18 de agosto de 2022. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.