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20 anos do mensalão: confira onde estão os principais envolvidos no escândalo político

Esquema de corrupção terminou em histórico julgamento do STF

Por Stephanie Ferreira
Ás

Atualizado
20 anos do mensalão: confira onde estão os principais envolvidos no escândalo político

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Reprodução / Agência Brasil

O escândalo do mensalão ainda é um dos marcos mais significativos da história política recente do Brasil. A revelação de um esquema de compra para apoio parlamentar no Congresso Nacional em 2005, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), gerou investigações e culminou em um histórico julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Tudo começou com denúncias feitas por Roberto Jefferson (PTB-RJ), ainda deputado federal e presidente nacional do PTB. Ele afirmou que membros do Partido dos Trabalhadores realizavam pagamentos mensais a parlamentares em troca de apoio a projetos do interesse do governo. O dinheiro tinha origem em contratos fraudulentos de empresas públicas, como Correios e Banco do Brasil. 

O sistema era intermediado por agências de publicidade ligadas a Marcos Valério, acusado de operar o esquema. Com a grande repercussão, foi instaurada a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. A Polícia Federal e o Ministério Público também passaram atuar no caso. 

Em 2007, a Procuradoria-Geral da República denunciou 40 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento. Entre os réus estavam dirigentes do PT, parlamentares, empresários e operadores financeiros.

E assim, o STF julgou e condenou pela primeira vez na história do combate à corrupção no Brasil, políticos e empresários de alto escalão.  O julgamento teve início em 2012 sob a relatoria do ministro Joaquim Barbosa e durou mais de um ano por causa da complexidade e ineditismo de tantos políticos e empresários com foro privilegiado. 

Dos 40 réus, 25 foram condenados por crimes como corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha (associação criminosa), lavagem de dinheiro, peculato e gestão fraudulenta. Confira abaixo os principais condenados:

José Dirceu
Função na época: Ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula.
Envolvimento: Apontado como o comandante do esquema, foi condenado por corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Condenação no mensalão: 7 anos e 11 meses por corrupção ativa.
Situação atual: Cumpriu parte da pena e o restante foi extinto por indulto. Posteriormente, ele foi condenado novamente na Operação Lava Jato a 23 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em outubro de 2024, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou a condenação de Dirceu relacionadas à Operação Lava Jato, restaurando seus direitos políticos. Ele já mencionou a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo em 2026. 

Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

José Genoino
Função na época: Presidente nacional do PT.
Envolvimento: Condenado por corrupção ativa por autorizar pagamentos a parlamentares.
Condenação no mensalão: 6 anos e 11 meses por corrupção ativa.
Situação atual: Cumpriu pena em regime domiciliar devido a problemas de saúde. E é ativo na discussão política. Em 2024, lançou o livro José Genoíno: Uma Vida Entrevista. 


Foto: Agência Brasil

Delúbio Soares
Função na época: Tesoureiro do PT.
Envolvimento: Coordenava os repasses financeiros do mensalão, segundo as investigações. Foi condenado por corrupção ativa.
Condenação no mensalão: 8 anos e 11 meses por corrupção ativa.
Situação atual: Após cumprir pena, em 2016, foi condenado a cinco anos de prisão na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. Mas, em março de 2023, o STJ anulou a condenação e o caso aguarda novo julgamento na esfera eleitoral. Em 2023, manifestou interesse em disputar uma vaga de deputado estadual ou federal nas eleições de 2026. 


Foto: Agliberto Lima / AE / CP Memória

João Paulo Cunha
Função na época: Presidente da Câmara dos Deputados.
Envolvimento: Acusado de receber propina de R$ 50 mil de Marcos Valério, além de beneficiar sua empresa com contratos públicos.
Condenação no mensalão: 6 anos e 4 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual:  Cunha cumpriu pena de prisão a partir de 2014. Em 2015, foi beneficiado por um indulto natalino assinado pela então presidente Dilma Rousseff, e em 2016 teve sua pena perdoada pelo STF por indulto. Embora afastado de cargos eletivos, Cunha permanece ativo politicamente nos bastidores. 


Foto: Reprodução

Roberto Jefferson 
Função na época: Deputado federal e presidente nacional do PTB.
Envolvimento: Foi o delator do esquema em 2005, em entrevista à Folha de S.Paulo. Também foi acusado de participar do esquema, recebendo recursos para seu partido.
Condenação: 7 anos e 14 dias de prisão. Cumpriu parte da pena em regime semiaberto e foi beneficiado por indulto.
Situação atual: Voltou à política como presidente do PTB, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 2022, foi preso preventivamente por ataques ao STF, após descumprir medidas cautelares e reagir à polícia com tiros e granadas. Atualmente cumpre prisão domiciliar.


Foto: Reprodução

Valdemar Costa Neto
Função na época: Deputado federal e presidente do PL.
Envolvimento: Recebeu recursos do mensalão para garantir apoio do PL ao governo Lula.
Condenação no mensalão: 7 anos e 10 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Iniciou a cumprir a pena em regime semiaberto, passando para domiciliar em 2014. Dois anos depois, o STF extinguiu sua punibilidade. Hoje, ele é presidente do Partido Liberal (PL). Há possibilidade de tentativa de se candidatar a deputado federal na próxima eleição. 


Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Marcos Valério
Função na época: Publicitário e operador do esquema.
Envolvimento: Operador financeiro do mensalão. Intermediava o repasse de recursos entre empresas públicas, como o Banco do Brasil, e parlamentares da base aliada.
Condenação no mensalão: 37 anos e 5 meses por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Situação atual: Cumpriu parte da pena em regime fechado e, posteriormente, foi condenado na Operação Lava Jato. Desde 2022, ele está em regime semiaberto. 


 Foto: Reprodução

Ramon Hollerbach
Função na época: Sócio de Marcos Valério na SMP&B.
Envolvimento: Atuou na administração das agências e na execução dos contratos fraudulentos.
Condenação no mensalão: 29 anos e 7 meses por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu parte da pena em regime fechado e atualmente está em regime aberto.

Foto: Maria Tereza Correia/Estado de Minas - /AE

Cristiano Paz
Função na época: Sócio de Marcos Valério.
Envolvimento: Participou da gestão das agências envolvidas no esquema.
Condenação no mensalão: 25 anos e 11 meses por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Em 2016, o STF autorizou sua progressão para o regime semiaberto, após ele ter cumprido um sexto da pena. Em 2024, ele apresentou uma revisão criminal ao STF, alegando que os serviços de publicidade contratados pelo Banco do Brasil, que resultaram em sua condenação, foram efetivamente prestados. No entanto, o tribunal ainda não se pronunciou sobre esse pedido. 


Foto: Reprodução

Henrique Pizzolato
Função na época: Diretor de marketing do Banco do Brasil.
Envolvimento: Autorizou contratos fraudulentos entre o banco e as empresas de Marcos Valério, por onde os recursos eram desviados.
Condenação no mensalão: 12 anos e 7 meses por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Fugiu para a Itália em 2013 utilizando documentos falsos, foi extraditado em 2015 para o Brasil e cumpriu parte da pena no regime fechado Brasil. Cumpria liberdade condicional até 2023. Situação atual não confirmada.


Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Kátia Rabello
Função na época: Presidente do Banco Rural.
Envolvimento: Autorizava empréstimos fictícios para o PT e partidos aliados, usados para financiar o mensalão.
Condenação no mensalão: 16 anos e 8 meses por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Situação atual: Deu início a pena em novembro de 2013, progrediu para o semiaberto em dezembro de 2015, e passou para o regime aberto.Em 2017, foi concedida liberdade condicional pelo STF. pós sua liberação, Kátia Rabello tem se envolvido em atividades empresariais.

 
Foto: Reprodução/TV Globo

José Roberto Salgado  
Função na época: Vice-presidente do Banco Rural.
Envolvimento: Assinava os empréstimos que abasteciam o esquema.
Condenação no mensalão: 16 anos e 8 meses por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Situação atual: Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu-lhe progressão para o regime semiaberto, e, em 2016, autorizou sua transferência para o regime aberto, com base no cumprimento de parte substancial da pena e bom comportamento carcerário . No mesmo ano, o ministro Luís Roberto Barroso concedeu-lhe livramento condicional. Não informações políticas e profissionais de Salgado. 


Foto: Celio Azevedo

Vinícius Samarane
Função na época: Dirigente do Banco Rural.
Envolvimento: Participava da liberação dos empréstimos fictícios usados no mensalão.
Condenação no mensalão: 8 anos e 9 meses por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpre pena em regime semiaberto e atualmente mantém perfil discreto, afastado da vida pública.


Foto: Paulo Emílio

Simone Vasconcelos 
Função na época: Funcionária de Marcos Valério.
Envolvimento: Coordenava os saques e entregas de dinheiro a parlamentares e intermediários.
Condenação: 12 anos e 7 meses por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Situação atual: Em 2017, teve sua punição extinta pelo STF. Está em liberdade desde então. 


Foto: Reprodução

Bispo Rodrigues
Função na época: Deputado federal pelo PL.
Envolvimento no mensalão: Responsável por intermediar a liberação de recursos do esquema para financiar campanhas eleitorais do PL, além de participar das articulações para garantir apoio parlamentar ao governo.
Condenação: 6 anos e 3 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu pena. Em 2023, Bispo Rodrigues retornou à política, assumindo um papel de liderança na escolha de candidatos a vereador pelo Republicanos no estado do Rio de Janeiro, partido ligado à Igreja Universal.


Foto: José Cruz/Agência Brasil

Jacinto Lamas
Função na época: Tesoureiro do PL.
Envolvimento: Atuou no manejo dos recursos desviados, coordenando a distribuição de valores ilegais para deputados aliados e financiamento de campanhas eleitorais.
Condenação no mensalão: 5 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu parte da pena e não há informação de envolvimento na política.


Foto: Reprodução

Pedro Corrêa
Função na época: Deputado federal pelo PP.
Envolvimento: Coordenou parte da captação e distribuição dos recursos ilícitos para compra de apoio político e financiamento de campanhas do PP no Congresso.
Condenação no mensalão: 7 anos e 2 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu pena e, posteriormente, foi condenado na Operação Lava Jato. Atualmente, está em liberdade. Em fevereiro de 2025, Corrêa retornou a Brasília, visitando ex-colegas de Câmara, correligionários e ministros do governo, mas não há informações sobre sua atuação na política.

Foto: Reprodução

Pedro Henry
Função na época: Deputado federal pelo PP.
Envolvimento: Participou da articulação para desvio e distribuição de recursos ilícitos.
Condenação no mensalão: 7 anos e 2 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Está em liberdade. 

Foto: Luiz Cruvinel/Câmara dos Deputados

Romeu Queiroz 
Função na época: Deputado federal pelo PTB.
Envolvimento: Atuou na intermediação do repasse dos recursos do esquema para deputados aliados e financiamentos de campanha do PTB.
Condenação no mensalão: 6 anos e 6 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu pena e atualmente mantém perfil discreto.


Foto: Gilberto Nascimento/Ag. Câmara

Emerson Palmieri
Função na época: Secretário do PTB.
Envolvimento: Responsável pelo controle financeiro das operações ilícitas do partido dentro do esquema.
Condenação no mensalão: 4 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Situação atual: Cumpriu pena e atualmente está afastado da vida política.


Foto: José Cruz

José Borba
Função na época: Deputado federal pelo PMDB.
Envolvimento no mensalão: Recebeu recursos desviados para garantir apoio político.
Condenação no mensalão: 2 anos e 6 meses por corrupção passiva.
Situação atual: Cumpriu pena e não informação de envolvimento político.


Foto: Fabio Dias
 

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