2023 será "tão desafiador" quanto 2003, afirma Meirelles
Segundo o ex-ministro da Fazenda, os 2 períodos apresentam semelhanças como a alta inflação
Foto: Reprodução/Agência Brasil
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou, nesta segunda-feira (11), em coluna publicada no jornal O Estado de São Paulo, que 2023 pode ser um ano “tão desafiador para o governo” quanto 2003, quando tomou posse como presidente do Banco Central.
De acordo com ele, os 2 períodos apresentam semelhanças como a alta inflação e “a diferença é a causa do fenômeno”. Na publicação, Meirelles escreveu que “a inflação atual, que estará em vigor em 2023, é causada pela política fiscal frouxa somada à desorganização das cadeias produtivas”.
Em 2003, 1º ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “a inflação era consequência da alta do câmbio em 2002, devido à desconfiança em relação à capacidade de pagamentos do Brasil como resultado do cenário eleitoral”, disse.
Meirelles também destacou que a inflação hoje tem uma “causa mais perigosa e difícil de lidar – em especial se a tarefa for delegada apenas ao BC, como acontece no Brasil”.
Conforme o ex-ministro da Fazenda, o Brasil construiu, nos últimos 20 anos, uma economia próxima da de países desenvolvidos. No texto, ele citou o acúmulo de reservas, a criação de um teto de gastos, um sistema de metas de inflação e a maior independência do Banco Central.
“Parte deste arcabouço foi desorganizada nos últimos 2 anos, inicialmente para combater os efeitos da pandemia e finalmente com finalidades eleitoreiras”, afirmou, acrescentando que “isso terá de ser restaurado em 2023, com especial ênfase na área fiscal”.
Meirelles ainda alertou que há grande risco de o Brasil repetir a crise vivida em 2016, causada “pelo descontrole fiscal do governo Dilma [Rousseff]”. Com o descontrole, disse o ex-ministro, não haverá crescimento, mas sim retração e desemprego.