Política

5 anos após facada em Bolsonaro, Adélio enfrenta batalha judicial

Os laudos psiquiátricos recentes sugerem um agravamento do estado de saúde mental dele

Por Da Redação
Ás

5 anos após facada em Bolsonaro, Adélio enfrenta batalha judicial

Foto: Reprodução

Em reportagem publicada pelo Valor Econômico, foi apontado que Adélio Bispo de Oliveira, o homem deu uma facada no então candidato a presidente Jair Bolsonaro, está em uma batalha judicial sobre mantê-lo na Penitenciária Federal de Campo Grande ou transferi-lo para um hospital psiquiátrico.

Em tese, Adélio poderá um dia deixar a unidade de segurança máxima onde é mantido desde a época do atentado. Mas, para isso, precisará estar com os problemas de saúde mental controlados e deixar de representar um perigo à sociedade.

O criminoso ocupa uma cela de 6 m² de onde só pode sair para um banho de sol diário de duas horas, recusa remédios e está sem um tratamento apropriado para o transtorno delirante persistente, distúrbio que fez a Justiça considerá-lo inimputável (sem condição de responder por seus atos).

Os laudos psiquiátricos recentes sugerem um agravamento do estado de saúde mental de Adélio. Ele evita os banhos de sol, pouco fala com outros presos e não recebe visitas de familiares.

A transferência é um pleito da DPU (Defensoria Pública da União), que assumiu a defesa de Adélio e a curadoria, isto é, a responsabilidade legal. A Justiça, no entanto, é firmemente contra, sob o argumento de que ele mantém a periculosidade e corre risco de vida fora do sistema federal.

O advogado Alfredo Marques, que passou a atender uma irmã do esfaqueador, lança um exagero retórico para definir o cenário.

"O Estado condenou Adélio à prisão perpétua, o que a Constituição proíbe", afirma ele, que atua com a sócia Edna Teixeira de graça, pois a família não pode pagar pelos serviços.

O juiz da Justiça Federal Bruno Savino impôs ao réu uma sentença de absolvição imprópria que o reconheceu como autor, mas o isentou de pena por ser inimputável e mandou que ele cumprisse medida de segurança na penitenciária em Mato Grosso do Sul.

A Polícia Federal, em dois inquéritos, concluiu que Adélio agiu sozinho, sem o envolvimento de mandantes ou comparsas, e foi movido por discordâncias políticas. No ano passado, as investigações foram reabertas com foco no financiamento dos advogados que o defenderam inicialmente.

A primeira avaliação periódica de Adélio ocorreu em julho de 2022, revelando a persistência de sua periculosidade devido à falta de assistência médica adequada, embora haja chances de melhora com tratamento.

Como resultado, sua permanência na prisão foi renovada até 2024, com especialistas destacando a importância de um ambiente propício para o tratamento.

A Defensoria Pública da União (DPU) tem enfrentado obstáculos para transferi-lo para um local adequado, considerando a superlotação dos hospitais judiciários em Minas e preocupações políticas. Recentemente, a DPU conseguiu um psiquiatra para acompanhá-lo, com esperanças de progresso no tratamento e antecipação da próxima perícia.

Adélio não reconhece a doença mental e rejeita a medicação, apresentando delírios frequentes sobre política, religião e maçonaria. Apesar de ter citado o suposto vínculo de Bolsonaro com a organização por trás do atentado, ele raramente menciona o ex-presidente ou o presidente Lula.

A mudança de governo foi vista como uma oportunidade pela defesa da irmã de Adélio, Maria das Graças Ramos. Ela busca garantir visitas virtuais e a garantia de direitos para o irmão. Em março, a visita pessoal ocorreu por um vidro devido às rigorosas regras da prisão.

"Nem me deixaram dar um abraço no Tuca [apelido]", disse ela.

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