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IBGE: 6,2 milhões de lares usam rede geral, mas não recebem água diariamente

Dados sinalizam que presença de conexão não garante distribuição ao longo da semana inteira em parte dos casos

Por FolhaPress
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IBGE: 6,2 milhões de lares usam rede geral, mas não recebem água diariamente

Foto: Karime Xavier/Folhapress

Interrupções no abastecimento de água durante a semana são uma realidade para parte dos lares conectados à rede geral no Brasil, segundo dados divulgados nesta sexta (20) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre os domicílios abastecidos principalmente pela rede geral, 4,8% tinham disponibilidade de água de quatro a seis dias por semana em 2023. Outros 4,6% contavam com uma frequência que variava de apenas um a três dias.

A soma das duas categorias sinaliza que em torno de 9,4% dos domicílios com acesso à rede geral não tinham abastecimento garantido diariamente. O percentual corresponde a 6,2 milhões de lares nessa condição.

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Conforme o analista William Kratochwill, do IBGE, a falta de abastecimento diário pode estar associada tanto a dificuldades de armazenagem de água quanto a problemas na estrutura de distribuição.

"Uma rede mais antiga talvez precise de mais paradas para manutenção do que uma rede bem mantida constantemente", disse o pesquisador.

De acordo com o IBGE, 66,7 milhões de domicílios eram atendidos principalmente pela rede geral de água em 2023. Desse total, a parcela majoritária, de 89% (59,4 milhões), contava com abastecimento diário.

É um percentual que subiu em relação ao início da série histórica, em 2016 (87,3%), mas que ainda carrega desigualdades regionais.

Em Pernambuco, somente 49,7% dos domicílios conectados à rede geral tinham disponibilidade diária de água por meio dessa opção em 2023. Ou seja, menos da metade dos lares locais. O estado nordestino tem o menor percentual do país.

Distrito Federal (99%) e Mato Grosso do Sul (99%), por outro lado, registraram os maiores níveis no ano passado.

Ainda de acordo com o IBGE, os 66,7 milhões de domicílios que tinham a rede geral como principal forma de abastecimento de água representavam 85,9% do total de endereços no Brasil (77,7 milhões). Trata-se de um percentual semelhante ao verificado no início da série histórica, em 2016 (85,8%).

REDE DE ESGOTO AINDA FICA ABAIXO DE 70% DOS LARES

O IBGE também divulgou dados sobre esgotamento sanitário. Em 2023, 69,9% dos domicílios estavam conectados à rede geral de esgoto ou tinham fossas sépticas ligadas à rede.
A proporção era de 68,1% em 2019 e de 69,5% em 2022. O patamar ainda é inferior ao de lares com acesso à rede geral de distribuição de água (85,9%).

Mais uma vez, os números reforçam o cenário de disparidades regionais. Em 2023, só 14,5% dos lares no Piauí tinham acesso à rede geral de esgoto ou possuíam fossas sépticas ligadas à rede, o menor nível do país. O maior patamar foi registrado em São Paulo: 94,1%.

Ainda de acordo com o IBGE, as fossas sépticas não ligadas à rede de esgoto eram usadas em 14,9% dos lares no ano passado.

"A cobertura de alguns serviços de saneamento básico é factível em áreas rurais no entorno de centros urbanos, enquanto em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional pode ser necessária a busca por soluções localizadas ou individuais, como a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água", disse o instituto.

Em 2023, 15,2% dos lares brasileiros utilizavam o que o IBGE classifica como outros tipos de esgoto. O grupo inclui alternativas precárias na comparação com a rede geral e as fossas sépticas.

Outros tipos podem ser, por exemplo, fossas rudimentares, valas e até rios, lagos ou mar. O percentual de 15,2% cresceu se comparado a 2019 (12,7%) e a 2022 (14,1%).

Em termos absolutos, o número de domicílios que recorriam a outros tipos de esgoto era de 11,8 milhões em 2023. Os endereços tinham 34,7 milhões de pessoas, que correspondiam a 16,2% do total, segundo a estimativa do IBGE.

A Pnad, como o nome já diz, é uma pesquisa construída a partir de entrevistas com uma amostra da população. Essa parcela dos brasileiros é desenhada e atualizada pelo IBGE com base nos dados do Censo Demográfico, também divulgado pelo órgão. O Censo se propõe a visitar todos os lares do país.

O instituto, contudo, ainda não fez a calibragem da amostra da Pnad a partir dos números do recenseamento mais recente, que é relativo a 2022.

O IBGE destacou que, na região Norte, 38,1% dos domicílios recorriam aos outros tipos de esgotamento. É um percentual superior ao de acesso à rede geral e de fossas sépticas ligadas à rede (32,7%).

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