7 em cada 10 praias do Brasil estão contaminadas por microplástico; veja estados mais afetados
Levantamento fez um comparativo entre estados com maior índice de microplásticos e os que apresentam fragmentos mais perigosos

Foto: Reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil
Um estudo realizado pela revista Environmental Research, em 24 de setembro, revelou que, entre 1.024 praias brasileiras analisadas, 69,3% estavam poluídas por microplásticos. Os fragmentos, com menos de cinco milímetros, representam uma ameaça a biodiversidade, segurança alimentar, saúde humana e até as atividades econômicas do ambiente marinho e costeiro.
Por meio de pesquisa, o levantamento detalhou quais são as praias com maior concentração de microplásticos, aquelas com resíduos considerados mais perigosos, e uma média entre ambos os registros, de modo a identificar as praias com maiores concentrações de resíduos perigosos.
Para detectar os microplásticos e seus riscos, os pesquisadores seguiram algumas etapas. Primeiro, selecionaram 1.024 praias em 211 municípios de todos os 17 estados costeiros do Brasil, cobrindo aproximadamente 7,5 mil quilômetro de litoral. Depois, coletaram 4.134 amostras de areia entre 2022 e 2023, levando-as para o mesmo laboratório.
A partir daí, os pesquisadores analisaram a quantidade de microplásticos por quilograma de areia em cada praia, encontrando a poluição em 69,3% delas. Os estados com os valores médios mais elevados foram Paraná, Sergipe, São Paulo e Pernambuco.
Das 30 praias com maior concentração de microplásticos, oito estavam em Pontal do Paraná (PR). A prefeitura de Barrancos, município que ficou no topo do ranking com 3.483,4 itens por quilograma de areia, levantou a hipótese de que esses materiais cheguem ao município, principalmente, pelas correntes marítimas.
Após identificar a quantidade de microplásticos nas praias, o levantamento ainda calculou o Índice de Perigo do Polímero, que mediu o quão tóxico eram os microplásticos encontrados. Os estados com maiores valores neste índice foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Maranhão e Pará.
Entre as praias com resíduos mais perigosos, a praia Paraíso, em Torres, no Rio Grande do Sul, que apresentou poucos fragmentos, ficou no topo do ranking de periculosidade das substâncias encontradas.
Na combinação da quantidade de microplásticos com o perigo dos materiais, através do cálculo do Índice de Risco Ecológico Potencial. Os estados com os maiores valores encontrados foram Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí e Maranhão.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) afirmou que acompanha as pesquisas sobre o tema, e destacou a importância da Estratégia Nacional Oceano sem Plástico (ENOP), publicada no dia 1° de outubro.
Riscos a biodiversidade e aos banhistas
O estudo aponta que os pequenos fragmentos de poluição são nocivos a organismos marinhos, o que compromete todo o ecossistema e cadeia alimentar, por afetar os organismos que estão na base.
Aos banhistas, a presença dos microplásticos não é um problema direto, mas, por meio do consumo de peixes e frutos do mar contaminados.
O estudo aponta como principais formas de resolver o problema:
-conter o lixo antes de chegar o mar;
-reduzir a carga plástica nas bacias hidrográficas;
-e implementar metas regionais de monitoramento.