70% dos trabalhadores ganham menos hoje que há dois anos
Índice de Miséria, que une inflação e desemprego, bateu recorde em agosto, chegando a 23,51, o maior nível desde 2012
Foto: Reprodução / Agência Brasil
Um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que 70% dos trabalhadores ganham hoje menos do que recebiam em 2019, antes da pandemia.
“E o peso da alta de preços na desigualdade, que tem sido recorde nos últimos tempos, triplicou desde o terceiro trimestre do ano passado”, diz o economista Daniel Duque, ao Jornal O Globo.
Daniel Duque mediu o efeito da inflação na massa de trabalhadores. Ele fez os cálculos com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial) de junho, que ainda estava em 8,35%, considerando o acumulado em 12 meses. Hoje, está em 10,25%.
Segundo o economista, quanto mais perto da ponta, maior o ganho. “Entre os 10% mais ricos, o ganho real chegou a 8%. Já entre os que estão nas camadas médias de renda, na faixa entre os 30% e 40% mais pobres, o recuo chegou a 28%.”
“Os mais ricos consomem mais serviços e menos alimentos e acabam tendo uma inflação menor. Infelizmente, a tendência é só piorar com a aceleração da inflação, com grande perda de consumo das camadas mais vulneráveis”, diz Duque.
De acordo com Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, o Índice de Miséria, que une inflação e desemprego, bateu recorde em agosto, chegando a 23,51, o maior nível desde 2012, início da série.
“A inflação está muito concentrada em itens essenciais, alimentos, combustíveis, energia elétrica. E depois de uma perda de 12 milhões de empregos, ainda estamos com 5 milhões a menos que antes da pandemia. Estamos vendo uma recuperação, mas a qualidade do emprego que está voltando é pior que antes da pandemia”, disse ao O Globo.