86% dos brasileiros conhecem alguém que morreu de Covid-19
Na pesquisa, 70% dos entrevistados afirma que situação da pandemia piorou nos últimos três meses
Foto: Reprodução/Projeto Colabora
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública (CPS) da Universidade de Brasília (UnB) e pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) estima que 86% dos brasileiros conhecem pelo menos uma pessoa que morreu em consequência da Covid-19, podendo ser um membro da família (17%), amigo (22%), ou uma pessoa não tão próxima (63%).
“As pessoas estão cada vez mais assustadas, mais impactadas. Se, por um lado, ficam otimistas porque pessoas da sua rede estão se vacinando, por outro, estão vendo gente adoecer e morrendo nas suas redes. Não precisa ter um número no gráfico para saber que o primo ou amigo está internado. É muito persuasivo este dado, conhecer diretamente ou saber que alguém morreu e que você nem sequer pôde ir se despedir”, fala o coordenador do CPS-UnB, Wladimir Gramacho.
De acordo com o estudo, 70% dos brasileiros consideram que a situação da saúde no país piorou nos últimos três meses, e aumentou de 38% para 52% o percentual de entrevistados que se dizem muito preocupados com a doença entre os meses de dezembro e abril (levando em conta a última pesquisa feita pelo IBPAD). Além disso, 74% acreditam que ficará pior ou igual até julho.
Outro número que chama atenção no levantamento é o percentual de brasileiros que dizem ter tomado remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus, alguns deles sendo muito contraindicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), promovidos pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) em diferentes momentos, como a cloroquina e a ivermectina: 27% fizeram uso de pelo menos um deles.
“Poderia fazer sentido esperar que quem não se curasse com esses remédios reprovasse o governo, mas o fato é que os dados mostram, infelizmente, a adesão de uma parcela da população a uma série de medidas que não são recomendadas pela ciência ou, em alguns casos, são francamente condenadas”, afirma Wladimir. Para ele, a adesão ao uso dos medicamentos está diretamente ligada "às preferências políticas das entrevistadas e dos entrevistados”.