A BOMBA NÃO ME ATINGIU
O articulista Léo Pirão fala sobre a entrevista bomba do ex Ministro da Justiça Sergio Moro
Foto: Arquivo pessoal
Sérgio Moro saiu. E saiu dizendo coisas que não condizem com a realidade. Disse que não era incendiário, mas jogou uma bomba no país. Disse que a PF nunca sofreu intervenções políticas antes deste governo e isso não é verdade. Disse que se importa com o futuro do Brasil, porém, com a sua atitude nesta manhã, fica evidente que não está. O ex-ministro está preocupado apenas com o seu currículo, com a sua imagem pessoal. Uma biografia não pode ser mais importante que o futuro de um país. Pouco importa para ele a queda da bolsa, o preço do Dólar ou a pauta do aborto que está no STF neste momento. Sua postura passou longe se ser adequada à um homem público. Lamentável.
Sérgio Moro é um homem honesto. Isso não tenho dúvidas. Mas é preciso saber quem é ele. O ex-ministro é um técnico. Um jurista e nada mais. Não entende absolutamente nada sobre política, não tem a menor noção dos conceitos de direita e esquerda e não tem nenhuma formação intelectual além da sua função profissional na sociedade. Moro é desarmamentista e não é a favor das liberdades individuais. Ele concorda que o estado tenha um domínio descomunal sobre você. Em resumo: Sérgio Moro não é conservador. Aliás, ele não faz a menor ideia do que é o conservadorismo.
De fato, ele foi muito importante para os rumos do nosso país. Não questiono a sua honestidade. Não desabono a sua luta contra o crime e contra a corrupção. Acho que isso é primordial. Porém, Moro não enxerga nada além disso. E o jogo político podre do nosso país é muito mais complexo do que esse horizonte. Infelizmente.
De fato, as acusações feitas pelo ex-ministro são muito desconfortáveis. Mas é bom lembrar não houve acusações sobre nenhum crime cometido pelo Presidente. Precisamos ouvir o outro lado. Num conflito de interesses isso é fundamental para que se tenha uma leitura precisa dos fatos. Qualquer um que tenha uma conclusão precipitada não tem a menor segurança das suas convicções. Ou então, estava esperando a primeira oportunidade para tirar uma máscara desconfortável do rosto.
É bom lembrar também que Sérgio Moro não foi capaz de resolver questões importantes e aparentemente simples no nosso país. Como ele, depois de tanto tempo, não conseguiu descobrir quem foi o mandante da facada contra Bolsonaro? Também é intrigante o fato da imprensa ter mais conhecimento sobre as intenções de um ministro do que o próprio presidente. Não acham?
Sou conservador. Prezo pela liberdade do indivíduo, pela diminuição do estado e pelo combate ferrenho contra o comunismo no meu país. Sérgio Moro, diante dessa luta, é pequeno demais para eu dar essa importância toda.