A pandemia causou uma "catástrofe geracional", diz secretário-geral da ONU sobre alunos fora da escola

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, publicou nesta terça-feira (4), um vídeo nas redes sociais pedindo a reabertura de escolas em países onde a transmissão da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já está  "controlada". Segundo Guterres, a pandemia causou uma "catástrofe geracional". Um relatório apresentado pela entidade aponta que mais de 1 bilhão de estudantes, dos quais 40 milhões crianças, estavam sem aulas até a metade de julho em 160 países.

O diplomata alerta, ainda no vídeo, que uma das consequências da paralisação das aulas é o aumento da desigualdade social e, ainda segundo Guterres, os prejuízos podem ser estendidos por décadas. Antes da pandemia, segundo a Unesco, 250 milhões de crianças já estavam fora da sala de aula. Apesar disso, Guterres aponta que um quarto dos alunos de países em desenvolvimento se formam no ensino fundamental sem conhecimentos básicos.

Até agora, apenas Uruguai, Equador e Nicarágua abriram suas escolas na América Latina. Na Europa, o retorno às atividades escolares só se concretizou na Áustria, França, Noruega, Suécia e Suíça, segundo a entidade. A Unesco estima que cerca de  44,3 milhões de alunos da pré-escola ao ensino médio estão sem aulas no Brasil, que é o segundo país mais afetado pela pandemia.

De acordo com o relatório da ONU, há uma estimativa de que 24 milhões de estudantes abandonem definitivamente as escolas em razão das atividades interrompidas. Segundo a Unesco, as regiões mais afetadas serão o Sul e o Oeste da Ásia, com a perda de 5,9 milhões de alunos, seguida da África Subsaariana, com 5,3 milhões.

“Nós já enfrentávamos uma crise educacional antes da pandemia. Agora estamos diante de uma catástrofe geracional que pode desperdiçar um potencial humano ainda desconhecido, minando décadas de progresso, e exacerbando as desigualdades já firmadas”, disse Guterres no vídeo.

Outro problema acarretado pela pandemia apontado pela ONU é que as medidas utilizadas pelos governos para manter o ensino na modalidade a distância como aulas pela televisão, rádio e internet não alcançaram todos os estudantes. De acordo com o secretário-geral da ONU, os estudantes mais prejudicados seriam deficientes, pertencentes a minorias, moradores de comunidades mais pobres ou de áreas remotas e refugiados.