Editorial

A volta do Talibã ao Afeganistão

Confira o editorial desta segunda (16)

Por Editorial , Erick Tedesco
Ás

A volta do Talibã ao Afeganistão

Foto: Reprodução/Conselho das Relações Estrangeiras (CFR)

O movimento fundamentalista islâmico Talibã (que numa leitura ocidental não raramente é qualificado como terrorista – o que, convenhamos, não o deixa de ter os requisitos para tal), volta a ganhar força no Afeganistão.

Os acontecimentos do último fim de semana praticamente nocautearam o governo do país da Ásia Central, local que nos anos 2000 já ganhara manchetes de jornais por causa do saudita Osama Bin Laden (foi lá que o terrorista se refugiou e se escondeu durante e pós-eventos do ataque aos Estados Unidos no fatídico – e, para muitos, ainda enigmático – 11 de setembro).

A capital Cabul já está praticamente retomada pelo Talibã, que desde sábado cercaram a cidade – o exército do grupo ostentava o pesado armamento em mãos, inclusive dentro do palácio presidencial. A consequência foi a fuga do presidente Ashraf Ghani, justificando ter ido embora para evitar derramamento de sangue, assim como muitos afegãos partiram em retirada.

Imagens que circularam na mídia internacional no domingo à noite evidenciaram o caos no aeroporto, engarrafamento nas rodovias e aglomerações em frente aos bancos de Cabul, com pessoas desesperadas para sacar dinheiro. 

Os talibãs garantem que não haverá vingança diante do povo que, é lógico, está com medo e quer fugir. No entanto, sabe-se que instalarão um governo de imposições e restrições. O fundamentalismo religioso do grupo já deixa claro: será um governo islâmico, chamado de “Emirados Islâmicos do Afeganistão”, e que será conduzido por uma lei religiosa (chamada sharia).

A retomada de Cabul pelo Talibã está diretamente ligada ao processo de retirada de tropas norte-americanas do Afeganistão e em ao menos mais 10 localidades. O grupo aproveitou a brecha para nova ocupação e desde maio vem com ofensivas. 

Além disso, a retomada do Talibã neste momento é simbólica: 20 anos após ser expulso do Afeganistão pelos Estados Unidos, ou seja, no ano em que os EUA lembrarão os 20 anos do 11 de Setembro – à época, o Talibã, então liderado por Mohammed Omar, controlava 90% do país.

Vale lembrar, ainda, que para implementar a sharia, o Talibã pode utiliza táticas de guerrilha e ataques de homens-bomba, ou seja, são esperadas novas ondas de violência no Afeganistão.

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