Abin admite 'erro material' em documentos enviados pelo ex-GSI de Lula sobre os atos do dia 8 de janeiro, diz coluna
General teria retirado do ofício os registros que revelam que ele foi informado do expressivo risco das manifestações
Foto: Divulgação/GSI
Em novo documento enviado à Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso (CCAI), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) admitiu a existência de divergências entre as duas versões do relatório sobre os atos do dia 8 de janeiro enviadas pelo general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A informação foi divulgada pela coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Em sessão secreta ocorrida na quarta-feira (31), os parlamentares constataram que o primeiro relatório de inteligência enviado por Gonçalves Dias ao Congresso estava adulterado. O material mostra que o general retirou dos documentos registros de mensagens enviadas no celular que o informavam sobre os crescentes riscos de tumulto e de invasão de prédios públicos
Só que esses mesmos alertas constam de outra versão do documento enviado pela Abin à mesma comissão em 8 de maio – agora com o GSI já sob o comando de outro general, Marco Antonio Amaro dos Santos.
Contudo, segundo esse novo documento da Abin, espécie de errata enviada à comissão do Congresso na última segunda-feira (29), o que houve foi um "erro material". A justificativa é de que o primeiro relatório chegou aos parlamentares sem os alertas a Gê Dias porque teriam sido incluídos no relatório apenas as mensagens enviadas a grupos e não a indivíduos.
Entenda
Documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos de 8 de janeiro, exibidos nesta quarta-feira (31) na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), mostram que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, então comandado pelo general Gonçalves Dias, adulterou o primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso Nacional. A informação foi divulgada pela coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O material mostra que o general retirou dos documentos registros de mensagens enviadas no celular que o informavam sobre os crescentes riscos de tumulto e de invasão de prédios públicos.
Foram entregues dois documentos, um adulterado e outro original. Os parlamentares constataram que o primeiro relatório, entregue à comissão no dia 20 de janeiro e assinado pelo diretor-adjunto de Dias, Saulo Moura da Cunha, não traz os 11 alertas que o ministro recebeu no próprio telefone celular entre 6 e 8 de janeiro sobre a movimentação dos manifestantes.
A segunda versão do documento, assinada pelo atual diretor-adjunto da agência, Alessandro Moretti, mostra 11 envios de alertas ao celular do general Dias – incluindo três mensagens enviadas só a ele. O relatório foi enviado também pela Abin à mesma comissão no dia 8 de maio.
O general Gonçalves Dias pediu demissão do GSI depois que a CNN divulgou vídeos gravados pelas câmeras do interior do Palácio do Planalto no momento da invasão. Nas imagens, ele aparece perambulando pelo Palácio sem tomar nenhuma atitude em relação aos invasores, enquanto alguns funcionários indicam a saída aos manifestantes.
O ministro também negou em depoimento à Polícia Federal ter recebido alertas da Abin sobre os riscos de invasão e ataques aos edifícios-sede dos Três Poderes.
O ex-ministro Gonçalves Dias ainda não se posicionou sobre a revelação dos documentos. Lula também não se pronunciou