Ex-nº2 na Previdência movimentou R$ 250 mil em dinheiro e apareceu em planilha de Careca do INSS
A investigação afirma que Eduardo depositou R$ 99.900 em espécie em uma conta do pai em 23 de outubro de 2023

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
THAÍSA OLIVEIRA
A investigação sobre os descontos ilegais no INSS aponta movimentações suspeitas de R$ 250 mil em dinheiro por parte de Adroaldo Portal, número dois do Ministério da Previdência até esta quinta-feira (18). O ex-secretário-executivo também aparece em uma planilha do Careca do INSS.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Adroaldo.
A decisão que autorizou a operação que levou à prisão de Adroaldo cita também o filho dele, Eduardo Silva Portal, ajudante parlamentar do senador Weverton Rocha (PDT-MA) desde 13 de junho de 2023.
Segundo a PF, houve créditos por meio de depósitos em espécie no valor de R$ 249.900 a favor de Adroaldo em um intervalo de pouco mais de quatro meses.
A investigação afirma que Eduardo depositou R$ 99.900 em espécie em uma conta do pai em 23 de outubro de 2023. Cerca de um mês depois, em 27 de novembro de 2023, Adroaldo fez um depósito de R$ 100 mil em uma conta dele próprio. Eduardo fez um segundo depósito para o pai no valor de R$ 50 mil em 29 de janeiro de 2024.
Além disso, em um arquivo sobre supostos registros de propina apreendido na casa de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, aparece o valor de R$ 50 mil em favor de "Adro" -uma abreviação, de acordo com os investigadores, de Adroaldo.
"Em um disco rígido apreendido na casa de Antônio Carlos no dia 23/04/2025, há diversas planilhas com o controle de movimentação financeira de associações e de empresas do próprio investigado Antônio Carlos além de pagamentos a pessoas físicas e jurídicas. Dentre os registros de pagamento de propina, há um no valor de 50 mil reais em favor de 'Adro", diz trecho da decisão.
Adroaldo foi preso preventivamente em regime domiciliar nesta quinta. A pedido da Polícia Federal, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, relator do caso, também decidiu que ele tenha o passaporte recolhido e seja impedido de deixar o país.
O ministro havia determinado que Adroaldo fosse afastado das funções. Após a operação, ele foi exonerado pelo ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Por decisão de Mendonça, Adroaldo também está impedido de entrar no ministério e de manter contato com os empregados.
Adroaldo foi assessor de Weverton entre 2019 e 2023. Ele ingressou no governo Lula (PT) ainda na gestão de Carlos Lupi (PDT), em março de 2023, como secretário do Regime Geral de Previdência Social. Em maio deste ano, foi alçado a secretário-executivo, com a saída de Lupi e a chegada de Wolney.

