Abin Paralela: investigados tentaram impedir nomeação de ministra no TSE, aponta relatório da PF
Documento revela que estrutura foi usada para vasculhar vida de jurista "petista roxa" para impedir sua indicação

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
O relatório da Polícia Federal que indicia 36 pessoas no inquérito sobre a investigação do suposto uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante governo Bolsonaro (PL) também revelou que a jurista Maria Cláudia Bucchianeri, que seria nomeada como ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teve sua vida pessoal vasculhada por agentes cedidos.
Segundo a PF, o policial federal Marcelo Araújo Bormevet, réu por participação na suposta tentativa de golpe de Estado, que visava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, recebeu um áudio de um colega afirmando que estudou com Maria Cláudia e que ela era "petista roxa".
Com essa informação, Bormevet pediu a Giancarlo Gomes Rodrigues, que integra o chamado "núcleo de inteligência paralela", que encontrasse algo para tentar "explodir" a indicação dela.
Bormevet estava cedido à Abin na época do ocorrido. Ele e Giancarlo, que é militar do Exército e também estava na agência, eram subordinados ao então diretor Alexandre Ramagem.
A investigação sobre a vida de Maria Cláudia foi realizada em junho de 2021, porém, nada foi encontrado e ela foi nomeada ministra substituta em agosto do mesmo ano.
Além de Maria Cláudia, a PF aponta que a juíza Márcia Capanema de Souza também foi espionada, em agosto de 2020. A juíza eleitoral foi responsável pela inelegibilidade do político Marcelo Crivella, porém, esse não seria o motivo.