Abin paralela: Lira diz que o caso não ameaça mandato de Ramagem
Presidente da Câmara disse que caso que envolve deputado é “grave”
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), indicado pela Polícia Federal como um dos políticos espionados pela chamada “Abin paralela” no decorrer do governo Bolsonaro, declarou nesta segunda-feira (15) que o eventual envolvimento do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), na época chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pode não ser julgado na Câmara por ocorrer antes dele assumir o cargo.
“Há muita conversa e versão. Lógico que os fatos não são brandos, são graves”, disse Lira. Mas, ainda segundo ele, “nenhum fato anterior à legislatura pode ser julgado no Conselho de Ética”, explicou ele, em entrevista à CNN Brasil.
Lira relembrou o caso do deputado André Janones (Avante-MG), que recentemente teve uma acusação de rachadinha com salários de funcionários arquivada pelo Conselho de Ética da Casa, sob o argumento que a suspeita era sobre algo que teria se dado antes do atual mandato. O relator do caso Janones foi o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP).
“Foi assim com o deputado Janones, que foi muito explorado na mídia. Ele simplesmente foi absolvido, porque se aconteceu ou não, foi no mandato anterior. Então, a gente precisa ter cuidado com o que preconiza nosso regimento”, declarou Lira.
Apesar de ser apontado um dos espionados. Lira não teve uma reação imediata sobre o assunto. Ele mantém uma relação próxima com parlamentares bolsonaristas e com o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem espera contar com o apoio para eleger um aliado como sucessor no comando da Câmara, em fevereiro de 2025.
O deputado também espera quer contar com apoio dos bolsonaristas nas eleições de 2026, quando quer concorrer ao Senado por Alagoas. Na disputa, ele terá como adversário o senador Renan Calheiros (MDB-AL), apoiado por Lula.
Espionagem
Segundo relatório da PF divulgado na quinta-feira (11/7), membros da chamada “Abin paralela” revelaram, em uma troca de mensagens interceptada pela política, uma suposta ação para “caçar podres” de Lira.
“Em relação ao PODER LEGISLATIVO, segundo a autoridade policial, foram identificadas ações clandestinas para "caçar podres” do Deputado Federal KIM KATAGUIRI (inclusive contra os seus assessores), ocasião em que se descobriu que em momento anterior também foram realizadas ações contra o Deputado Federal ARTHUR LIRA, tudo conforme diálogos entre os investigados GIANCARLO GOMES RODRIGUES e MARCELO ARAÚJO BORMEVET”, citou o ministro Alexandre de Moraes na decisão em que autorizou uma operação da PF contra acusados do caso.