Abrasco divulga carta aberta sobre pronunciamento do Ministro da Saúde em relação à Covid-19
Segundo a Associação, decisão "representa mais uma ação do governo federal contra o povo brasileiro"
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) publicou uma carta aberta sobre o pronunciamento do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, realizado no domingo (17), em cadeia nacional de rádio e TV, no qual ele defendeu o final da emergência de saúde pública de importância nacional (ESPIN) representada pela Covid-19, no Brasil.
De acordo com a Associação, o país não está respaldado pelo cenário epidemiológico nem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e representa mais uma ação do governo federal contra o povo brasileiro.
O Governo federal divulgou números que comprovam que, apesar da redução na taxa de disseminação do vírus, de hospitalizações e mortes, a pandemia não acabou no país.
Dados mostram que o Brasil somou 30.209.276 casos confirmados de Covid -19 e 661.710 óbitos desde o início da pandemia. Na última quarta-feira (13), a média móvel de mortes nos últimos sete dias foi de 133, a mais baixa em três meses, com uma variação de -38%, em comparação à média de 14 dias.
Quanto aos novos diagnósticos, na mesma data, foram 28.785 novos casos de Covid -19, em 24 horas, com uma média móvel de casos nos últimos sete dias de 20.430, e uma variação de -21% em relação a duas semanas atrás.
Vacinação
Mais de 162.407.340 (75,6%) pessoas completaram o primeiro ciclo vacinal (duas doses ou dose única de uma vacina anticovídica) no Brasil, e cerca de 82,1% da população tomaram ao menos a primeira dose de uma vacina anticovídica e estão parcialmente imunizadas.
A decisão de finalizar o estágio de emergência pode induzir a interrupção intempestiva do uso de máscaras em locais fechados e ambientes com aglomeração, a não vacinação em crianças, a permanência de populações incompletamente vacinada, todas medidas que favoreceriam o surgimento de novas variantes ou os repiques de novos casos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a Covid-19 continua a ser considerado uma de Saúde Pública Internacional. No último dia 13, o comitê reafirmou que a circulação da doença ainda está muito ativa e a mortalidade segue elevada, apesar da diminuição de casos e mortes nas últimas três semanas.
Diante do exposto, as entidades e movimentos organizados da sociedade civil, abaixo assinadas, se posicionam contra a medida anunciada pelo Sr. Ministro da Saúde.
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
Rede Solidária em Defesa da Vida, PE (RedeSol-PE)
Academia Pernambucana de Ciências (APC)
Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD)
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMP)
Associação Rede Unida
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes)
Movimento Psiquiatria, Democracia e Cuidado em Liberdade
Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Pernambuco
Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade
Rede Estadual de Monitoramento da Política Indígena de Pernambuco
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil
Rede Nacional das Pessoas que vivem com HIV e AIDS
Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec)
Grupo de estudos sobre redes integradas de serviços de saúde (GERISS)