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“Abuso de poder”, senadores democratas reagem a tarifa imposta ao Brasil por Trump

Senadores afirmam no documento que o republicano usa “a economia americana para interferir em favor de um amigo”

Por Da Redação
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Atualizado
“Abuso de poder”, senadores democratas reagem a tarifa imposta ao Brasil por Trump

Foto: Isac Nóbrega\PR

Senadores democratas mandaram uma carta para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última quinta-feira (24), em que questionam as tarifas de 50% impostas sobre os produtos brasileiros. 

Cerca de 11 parlamentares da oposição assinaram o documento que foi encaminhado para Casa Branca. Os democratas acusam o republicano de "claro abuso de poder" e asseguram que ele está utilizando "a economia norte-americana para interferir em favor de um amigo", fazendo menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Escrevemos para expressar sérias preocupações sobre o claro abuso de poder presente em sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. (…) Interferir no sistema legal de uma nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação”, afirmaram.

Aumento dos custos 

Os senadores democratas afirmaram no documento que uma retaliação do Brasil poderia gerar uma alta nos custos de diversos produtos para famílias e empresas norte-americanas. Eles também destacaram que os EUA importam mais de US$ 40 bilhões por ano do Brasil e que o comércio bilateral sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos. 

Participaram da cartas os seguintes parlamentares: Jeanne Shaheen (D-NH), membro sênior do Comitê de Relações Exteriores do Senado, e Tim Kaine (D-VA), membro sênior do Subcomitê de Relações Exteriores do Senado para o Hemisfério Ocidental, encabeçam o documento, que também foi assinado por Adam Schiff (D-CA), Dick Durbin (D-IL), Kirsten Gillibrand (D-NY), Peter Welch (D-VT), Catherine Cortez Masto (D-NV), Mark R. Warner (D-VA), Jacky Rosen (D-NV), Michael Bennet (D-CO) e o reverendo Raphael Warnock (D-GA).

Confira a carta na íntegra: 

Caro Presidente Trump:

Escrevemos para expressar preocupações significativas sobre o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de lançar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça tarifária do seu governo claramente não se dirige a isso. Tampouco se trata de um déficit comercial bilateral, já que os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024 e não registram déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Em vez disso – como você afirma explicitamente em sua carta ao presidente brasileiro Lula da Silva – a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem do Representante Comercial dos EUA para iniciar uma investigação nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 visam principalmente forçar o sistema judiciário independente do Brasil a suspender o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana cria um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O Sr. Bolsonaro é um cidadão brasileiro que está sendo processado em tribunais brasileiros por supostas ações sob sua jurisdição. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de tramar um golpe de Estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses procedimentos em nome de um amigo é um grave abuso de poder, mina a influência dos Estados Unidos no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. O anúncio do seu governo, em 18 de julho de 2025, de sanções de visto contra funcionários do judiciário brasileiro que trabalham no caso do Sr. Bolsonaro indica – mais uma vez – a disposição do seu governo em priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para as famílias e empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre EUA e Brasil sustenta quase 130.000 empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido às ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e vocês, preventivamente, prometeram retaliar na mesma moeda – o que significa que os exportadores americanos sofrerão e os impostos sobre as importações para os americanos subirão além do nível de 50% que vocês ameaçaram.

Uma guerra comercial com o Brasil também contribuirá para aproximar o Brasil da República Popular da China (RPC), em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência chinesa na América Latina. Empresas estatais chinesas e ligadas ao Estado estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo diversos projetos portuários em andamento, e recentemente o China State Railway Group firmou um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar um projeto ferroviário transcontinental.

Essas considerações não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a RPC está trabalhando para ampliar sua influência por meio da Iniciativa Cinturão e Rota. Preocupa-nos que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas aumentem o ceticismo em relação à influência americana em toda a região e forneçam às autoridades chinesas e às empresas estatais maior credibilidade para sua agenda. A mesma tendência também está ocorrendo no Leste e Sudeste Asiático.

Os objetivos primordiais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC. Instamos vocês a reconsiderarem suas ações e priorizarem os interesses econômicos dos americanos que desejam previsibilidade, e não mais uma guerra comercial.

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