'Acho que o fato de ser mulher, saber acolher, cuidar e ouvir as pessoas, me ajuda muito', diz Maria Rita Pontes

Sobrinha da mais nova Santa Brasileira, Santa Dulce dos Pobres - que foi canonizada em 13 de outubro de 2019 -, Maria Rita Lopes Pontes preside as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) desde 1991, quando assumiu o cargo interinamente após o falecimento da tia. De lá para cá, são 32 anos de responsabilidade, dedicação, amor, perseverança e muita fé, segundo ela destaca ao Farol da Bahia. 

Em entrevista pelo especial Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira, 8 de março, Maria Rita, que recebeu o mesmo nome de batismo da tia como forma de homenagem a ela, espera que as pessoas lembrem do seu legado como mulher que não temeu e abraçou a causa construída e deixada por Santa Dulce.

"Espero deixar a lembrança de uma mulher que abraçou a causa de sua tia, Santa Dulce dos Pobres, e lutou para manter viva a sua Obra e garantir que ela sobreviva no futuro, através do modelo de sua gestão humana, pautada nos valores de Santa Dulce dos Pobres.

Filha de Dulce Lopes, irmã de Santa Dulce, Maria Rita é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável por um dos maiores e mais importantes complexos de saúde do país, com atendimento 100% gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A OSID realiza mais de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano na Bahia. 

"Tenho consciência da responsabilidade de conduzir uma das maiores obras sociais do nosso país, fundada pela primeira Santa brasileira. A responsabilidade aumenta na proporção que a Obra cresce e amplia seus serviços. Procuro pautar minhas ações seguindo o exemplo de Santa Dulce, respeitando o propósito da OSID - Amar e Servir as pessoas mais necessitadas, com a mesma dedicação de quando iniciei esse trabalho, há 32 anos", explica. 

Questionada se por ser mulher já chegou a ter a capacidade duvidada, Maria Rita afirma sempre ter contado com o apoio dos membros do Conselho de Administração da OSID e da comunidade no desenvolvimento e realização do seu trabalho. "Acho que o fato de ser mulher, saber acolher, saber cuidar e ouvir as pessoas, me ajuda muito. Com fé, perseverança e apoio da sociedade, consegui superar os desafios durante esses anos", diz. 

Entre os seus maiores desejos está alcançar um equilíbrio financeiro das Obras ainda durante a sua gestão. Em 2022, a OSID encerrou o ano com um déficit de R$ 31 milhões, o que eleva o risco dos serviços prestados à população serem descontinuados, principalmente aos pacientes mais vulneráveis. 

"O meu maior desejo é conseguir garantir o equilíbrio financeiro da OSID. Não gostaria de deixar essa carga para o meu sucessor. Para isso, estamos buscando novas fontes de captação de recursos, para superar o subfinanciamento do SUS", conta.

Mas, apesar das contas financeiras da instituição estarem sempre no vermelho, uma das maiores características que definem Maria Rita como mulher é ter perseverança e fé. "Com fé, perseverança e apoio da sociedade, já consegui superar os desafios durante todos esses anos. Essa força vem de Deus, na certeza de que Ele não nos abandona. Nós estamos trabalhando para os pobres e fazendo a nossa parte. Por isso não temos o que temer.

Ao Farol da Bahia, a superintendente também destaca que não enfrenta como dificuldade assumir a responsabilidade de ser mulher, sobrinha de uma santa e presidente da OSID porque sempre tem "coerência nas ações e atitudes, e disponibilidade para acolher o próximo. É o que as pessoas esperam de nós". 

"Desejo de coração que as mulheres sejam, cada dia mais, uma luz para o mundo, uma fonte de Amor e de Cuidado, e que nunca percam a força, mesmo nos momentos de adversidade", desejou às mulheres neste dia.