Acusado de matar Marielle Franco, Ronnie Lessa recebeu ajuda de Bolsonaro para colocar prótese em 2009
Na época, Bolsonaro, então deputado federal, teria articulado para ele um atendimento com prioridade na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro
Foto: Divulgação
Preso sob acusação de matar a vereadora Marielle Franco (1979-2018) e o motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa revelou que recebeu ajuda do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2009.
Em entrevista exclusiva à Veja, ele negou que tenha participado do crime, ocorrido em 2018, dizendo ser vítima de uma armação do chefão miliciano Adriano da Nóbrega, morto pela polícia baiana em 2020, no município de Esplanada.
Autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a entrevista ocorreu por meio de videoconferência. Segundo contou Lessa, a ajuda recebida por Bolsonaro ocorreu no fim de 2009, depois que o PM reformado perdeu parte da perna esquerda após a explosão de uma bomba em seu carro.
Na época, conta Lessa, Bolsonaro, então deputado federal, teria articulado para ele um atendimento com prioridade na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro.
"Bolsonaro era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu. Ele gosta de ajudar a polícia porque é quem o botou no poder. Podia ser qualquer outro policial", relatou. Segundo a Veja, entre 2004 e 2018, Bolsonaro destinou cerca de R$ 4,6 milhões em emendas parlamentares para a ABBR.
Ainda na entrevista, o detento número 33 da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, definiu o presidente da República como "um cara esquisito". "Se vi cinco vezes na vida, foi muito. Um dia cumprimenta, outro não. E mesmo assim só com a mãozinha. E nunca vi os filhos dele", garantiu Ronnie Lessa, apesar de ter sido vizinho de Bolsonaro e do seu filho, Carlos, em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.