Advogado João Neto, preso por suspeita de violência doméstica, passa mal ao ser transferido para presídio em Maceió
Influenciador foi transferido do presídio militar para o sistema prisional por não haver comprovação de registro militar

Foto: Reprodução
O advogado e influenciador baiano João Neto, preso por suspeita de violência doméstica contra a companheira, passou mal ao ser transferido do presídio militar para sistema prisional em Maceió, na noite de quinta-feira (17).
Ele foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Não há detalhes do estado de saúde dele, nem quais sintomas teria apresentado.
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Segundo informações da Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social de Alagoas (Seris), a transferência aconteceu porque não houve comprovação de que o registro de militar apresentado pelo advogado era válido. O baiano foi preso em flagrante no último dia 14 e teve a prisão convertida em preventiva no dia 15.
Ainda na quinta-feira, a Polícia Militar da Bahia informou que João Neto nunca integrou o quadro de militares ativos da corporação. O advogado não concluiu o curso de formação de soldado após ter sido expulso há 15 anos.
O posicionamento diverge da versão apresentada por João Neto, que nas redes sociais se apresenta como “ex policial militar”, além de ter afirmado em entrevista a um podcast, em Salvador, que foi expulso da Polícia Militar da Bahia por assediar a esposa de um coronel.
João Neto foi colocado em um módulo especial do Baldomero Cavalcante, destinado para quem tem curso superior. Apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter derrubado, em 2023, a prisão especial para pessoas com diploma de nível superior, João Neto faz parte do grupo que parmeneceu com o direito por ser advogado.
Em nota, a defesa de João Neto disse que ele sofre de problema no coração. "No que diz respeito ao processo judicial em curso, informamos que este escritório tem adotado todas as medidas cabíveis, estando o referido processo sob segredo de justiça".
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou, na quarta-feira (16), que investiga a conduta de João Neto. Em nota, a seção baiana da OAB detalhou que se juntou à de Alagoas na apuração dos fatos. Segundo a entidade, caso sejam confirmadas as denúncias, o advogado criminalista pode perder o registro profissional.
O caso
A agressão aconteceu no apartamento onde os dois moravam, em Maceió (AL), e foi filmada por câmeras de segurança. João Neto nega as acusações.
As imagens mostram o momento em que a vítima sai do apartamento com o queixo ensanguentado, e João Neto a segue com um pano para estancar o sangramento. Moradores do edifício relataram ter ouvido gritos e sons de agressão, e acionaram a polícia.
Um vídeo publicado pela defesa de João Neto mostra ele empurrando a companheira, que tenta se segurar em uma porta enquanto ele a puxa. Num dos puxões, ele solta o braço que ela apoiava na parede e ambos caem no chão em seguida. A mulher parece bater o rosto no piso. Ela fica caída por alguns segundos, mas o advogado a levanta e a leva para outro cômodo.
A defesa feita pelos advogados Minghan Chen Lima Pedroza, Cícero Fernandes Mota Pedrosa e Vinicius Costa Guido Santos reiterou que a queda se deu no momento em que João Neto tentava retirar a companheira do apartamento após insistir por bastante tempo para que ela saísse.
João Neto acumula 2 milhões de seguidores nas redes sociais. Além de advogado criminalista, ele se apresenta como mestre em ciências criminais e é conhecido por postas vídeos dando dicas jurídicas em tom de humor.
Nas últimas eleições, em 2024, o baiano atuou como advogado do candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB).
A mulher afirmou à Polícia Civil que sofreu ferimentos no queixo após ser retirada à força da cama e empurrada por ele. Segundo ela, a queda ocorreu enquanto João Neto tentava expulsá-la do apartamento após uma briga.
A vítima, que tem 25 anos, disse que ambos estavam assistindo televisão e ela foi para o quarto descansar, momento em que a discussão começou. João Neto, segundo ela, disse: "Porra, eu aqui me fodendo e você não faz nada".
Ainda segundo o depoimento dela, João teria dito aos funcionários que trabalhavam na reforma do apartamento que eles "estavam de prova". Em seguida, o advogado teria começado a empurrá-la para fora da unidade, e os dois caíram no chão.
A mulher ainda afirmou que já havia sido agredida por João Neto em outras ocasiões. Ela citou um incidente em outubro de 2024, no qual teria sido empurrada, batendo a cabeça na cama, além de ter sido segurada pelo pescoço. Ela foi atendida em um hospital de Maceió.
No questionário sobre as agressões, a vítima marcou que já havia sido ameaçada com arma de fogo e sido vítima de enforcamento, chute e empurrão. A mulher também marcou que se considerava dependente financeiramente dele e relatou que João Neto demonstraria ciúme excessivo e tentativas de controlar a vida dela.
Defesa de motivo para agressão
Em entrevista a um podcast, nove dias antes da prisão, José Neto defendeu a existência de um “motivo para homem bater na mulher”.
"Só tem um motivo para um homem bater numa mulher. Claro que tem: se ela lhe bater. Quem não quer apanhar, não bate. Se a mulher sabe que não aguenta com você, ela vai dar uma tapa na sua cara para quê? Se ela dá um tapa na sua cara, ela está querendo levar outro. É bateu levou", afirmou enquanto arrancava risadas do apresentador.
Veja vídeo da agressão: